Logos após a divulgação do resultado do leilão para explorar o petróleo no Campo de Libra, nesta segunda-feira (21), parlamentares, de oposição e da base de apoio ao governo, começaram a se manifestar contrários à licitação, tanto na tribuna como em suas contas no Twitter.
Senadores questionaram o fato de apenas um consórcio apresentar proposta no leilão e levantaram desconfianças, vinculadas à rede de espionagem montada pelos Estados Unidos, que teria interceptado dados da Petrobras e da presidente Dilma Rousseff.
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O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) insinuou que as grandes empresas não se interessaram pelo Campo de Libra porque sabem que o negócio não será lucrativo. O parlamentar questionou o “sucesso” do leilão e acredita que até o governo está frustrado.
— Onde estão as grandes empresas que produzem petróleo no mundo? Fugiram do leilão? Será que as reservas estão superdimensionadas e eles têm informações que permitem não correr riscos? [...] O fato é que hoje era pra estarmos nas ruas comemorando como se fosse a Copa do Mundo, e na verdade as pessoas estão nas rua tentando impedir o leilão e, creio que o próprio governo está frustrado com o resultado.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) também manifestou indignação com o leilão do pré-sal. Para ele, o governo entregar a exploração do petróleo nas mãos de um consórcio de empresas privadas foi uma forma de privatização.
— O que o governo fez foi uma forma diferente de privatizar. O nome foi outro, mas foi a mesma coisa, foi uma forma de, eu diria, lavar as mãos.
Aplicação dos recursos
Para líder tucano no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), o negócio proposto pelo governo é “nebuloso” e por isso a maiores empresas produtoras de petróleo não se interessaram. O senador também questiona a aplicação dos recursos obtidos com o leilão.
— Se o negócio fosse bom, as empresas americanas viriam. [...] O interesse do governo não é produção de petróleo, é produção de superávit primário.
O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) também se mostrou preocupado com a destinação do dinheiro que virá da exploração do petróleo. Segundo ele, é preciso assegurar que a Saúde e a Educação recebam os royalties do pré-sal.
— Precisamos acompanhar a boa aplicação dos recurso públicos em Saúde para que possamos dar esse salto de qualidade, que vai reduzir as desigualdades do País.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) se manifestou por meio de sua conta no Twitter. Ele foi enfático ao se posicionar contra o leilão do Campo de Libra.
— O petróleo era nosso. [...] Nada tão constrangedor como o leilão de Libra.
Um dos únicos senadores do PT que estava presente no plenário, Eduardo Suplicy (SP) disse que prefere se posicionar sobre o assunto nesta terça-feira (22), após o pronunciamento oficial do governo. Ele entende que as manifestações populares contrárias ao leilão as legítimas, mas pediu o fim da violência.
— É mais do que legítimo que haja protestos, mas e importantíssimo que esses protestos sejam caracterizados pela não-violência.
O leilão
O consórcio formado por Petrobras, Shell (holandesa), Total (francesa), CNPC (chinesas) e CNOOC (chinesas) venceu o leilão para explorar o Campo de Libra, classificado pelo governo federal como "a maior área para exploração de petróleo no mundo".
A proposta vencedora foi a que ofereceu para a União o percentual de 41,65% do óleo excedente produzido, a oferta mínima no edital. O tempo de concessão é de 35 anos. O consórcio foi o único que se apresentou na licitação deste campo com reservas provadas de entre 8 e 12 bilhões de barris de petróleo