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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou nesta quinta-feira (14) uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), ao STF (Supremo Tribunal Federal), sob acusação de organização criminosa e obstrução de justiça.
Além do peemedebista, outras oito pessoas também são alvo da acusação. Na denúncia desta quinta, todos os nove são acusados de organização criminosa. No entanto, apenas três deles são suspeitos de obstrução de justiça: Temer, Joesley e Ricardo.
Confira na galeria quem é quem na nova denúncia!Marcelo Chello/14.09.2017/CJPress/Folhapress
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Michel Temer (PMDB):
O Presidente da República é acusado de de ter atuado como líder da organização criminosa desde maio de 2016. De acordo com a denúncia, Temer — e aos demais acusados — praticaram ilícitos em troca de propina por meio da utilização de órgãos públicos, tais como: Petrobras, Furnas, Caixa Econômica, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados.
O presidente também foi acusado do crime de obstrução de justiça devido aos pagamentos indevidos para evitar que Lúcio Funaro fechasse acordo de colaboração premiada. Ele ainda é acusado de é acusado de cometer o crime de "embaraço às investigações relativas ao crime de organização criminosa em concurso" com Joesley Batista e Ricardo Saud, por ter "instigado" os empresários a pagarem "vantagens indevidas" a Lúcio Funaro e a Eduardo Cunha, para impedi-los de firmarem acordo de colaboração. Segundo o PGR, a "organização criminosa" recebeu, pelo menos, R$ 587 milhões de propinaAdriano Machado/Reuters
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Eduardo Cunha (PMDB-RJ):
No final de 2007, o ex-Deputado Federal liderou na Câmara o movimento da bancada de Minas Gerais para conseguir a Diretoria Internacional da Petrobras, que na época era ocupada por Nestor Cerveró. As tratativas do episódio foram intermediadas por Temer. Por indicação de Cunha, Jorge Luiz Zelada foi nomeado para substituir Cerveró.
De acordo com a denúncia, as tratativas, em si, não são ilícitas, pois "o ilícito não está na constituição de alianças políticas, mas sim no uso delas como ferramenta para arrecadar propina, a partir dos negócios firmados no âmbito destes cargos".
Ainda segundo a denúncia, Cunha "repartia uma parcela da propina arrecadada" com Temer e Henrique AlvesFolha Vitória - Cidades 3
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Geddel Vieira Lima (PMDB-BA):
Em março de 2007, o Deputado Federal assumiu o Ministério da Integração Nacional, por indicação de Michel Temer e Henrique Alves, líder da bancada peemedebista na Câmara à época. De acordo com a Controladoria-Geral da União, mais de R$ 312 milhões foram desviados dos cofres público nessa época.
Segundo a denúncia, em uma das "planilhas de Lúcio Funaro apreendidas na residência de sua irmã, Roberta Funaro Yoshimoto, há registro de pagamentos a Geddel Vieira Lima no montante de R$ 11.150.000,00, ocorridos entre os anos de 2014 e 2015".
A denúncia ainda diz que "ao todo, entre 2011 e 2013, Geddel Vieira Lima liberou em tomo de R$ 5 bilhões no âmbito do esquema montado na CEF juntamente com o apoio de Eduardo Cunha e Lúcio Punam, responsáveis pela negociação com os empresários, e de Henrique Eduardo Alves e Michel Temer, que davam sustentação à manutenção de Geddel no cargo. Ao todo, no período, esse grupo arrecadou por volta de R$ 170 milhões de propina"Valter Campanato/05.10.2016/Agência Brasil
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Henrique Alves (PMDB-RN):
Ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara dos Deputados, está preso em Natal (RN). Diálogos entre Henrique Alves e Eduardo Cunha apontam que o grupo "tinha ingerência também sobre o INSS". Segundo a acusação, "Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht, confirmam as afirmações do executivo da Odebrecht Márcio Faria da Silva quanto aos pagamentos de propina no exterior no montante de US$ 20,8 milhões, destinados a políticos do 'PMDB da Câmara dos Deputados' [Michel Temer, Eduardo Cunha e Henrique Alves], nos anos de 2010, 2011 e 2012Jose Cruz/17.10.2011/ABr
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Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR):
Ex-deputado federal e ex-assessor da presidência no governo Michel Temer. Foi flagrado pela PF (Polícia Federal) carregando mala com R$ 500 mil pelas ruas de São Paulo. Segundo a acusação, "embora não se tenha elementos probatórios da atuação de Loures na organização criminosa antes de 2016, ele sempre esteve muito próximo a Temer".
Rodrigo Loures passou a ser o homem de confiança de Temer, "para tratar dos seus interesses escusos" depois do envolvimento de Geddel e de Padilha nas investigações sobre crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiroDida Sampaio/ Estadão Conteúdo
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Eliseu Padilha (PMDB-RS):
Ministro-Chefe da Casa Civil. Um dos homens fortes do governo Temer. Segundo a denúncia, Padilha negociou, em nome do "PMDB da Câmara", com grupos econômicos interessados na modificação de atos legislativo. "De forma coordenada, os integrantes do núcleo político da organização criminosa 'vendiam espaço' em medidas provisórias".
Após Temer assumir a presidência, "a interlocução com Joesley Batista passou a ser feita por Eliseu Padilha e Geddel Vieira Lima"Ueslei Marcelino/07.07.2016/Reuters
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Moreira Franco (PMDB-RJ):
Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. Braço-direito do governo Temer, especialmente na área de infraestrutura. A acusação diz que Moreira Franco foi o "primeiro integrante do núcleo político do 'PMDB da Câmara' da organização criminosa a tomar posse numa vice-presidência da CEF", em 2008.
De acordo com a denúncia, durante sua gestão teve uma grande concentração de recursos em projetos de empresas do grupo Odebrecht, empresa em que seu filho, Pedro Moreira Franco, era executivo.
Ainda segundo a denúncia, o Grupo Bertin também foi beneficiado indevidamente na gestão de Moreira Franco, com ajuda de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro. "Conforme acertado, Moreira Franco deu prosseguimento ao projeto do Grupo e obteve a aprovação de R$ 280 milhões, em que pese a existência de multas pendentes da empresa junto à ANEEL"Tânia Rêgo/20.06.2016/Agência Brasil
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Joesley Batista:
Empresário e sócio do grupo J&F. Está preso temporariamente em Brasília, mas um mandado de prisão preventiva contra ele, expedido pela Justiça Federal de São Paulo, deve mantê-lo atrás das grades.
Em 7 de março deste ano, o empresário participou de reunião com Temer, no Palácio do Jaburu, e falou para o presidente que estava conversando com Geddel e com Padilha "para tratar de assuntos de interesse seu e do Grupo J&F". O caso tratado por eles teve intermédio de Loures e, a partir daí, "originou-se o ajuste de pagamento de propina de R$ 500.000,00 por semana para Temer e um lucro ao grupo J&F de aproximadamente R$ 10.000.000,00".
Para manter o silêncio de Funaro, o empresário "criou uma espécie de pagamento mensal no valor de R$ 600.000,00 e, em outras oportunidades, R$ 400.000,00, a serem pagos diretamente a Lúcio Funaro ou, se preso, a pessoas ligadas a eles". Após a prisão de Funaro, Joesley continuou pagando os valores combinadosWagner Pires/Futura Press/Estadão Conteúdo – 11.9.2017
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Ricardo Saud:
Ex-diretor de relações institucionais do grupo J&F. Também está preso temporariamente em Brasília. De acordo com a acusação, "Michel Temer, com vontade livre e consciente, instigou Joesley Batista a pagar, por meio de Ricardo Saud, vantagens indevidas a Lúcio Funaro, com a finalidade de impedi-lo de firmar acordo de colaboração"07.09.2017/DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO