Funcionários do Congresso chegam a ganhar 500% a mais do que receberiam em empresas privadas
Jornalistas, arquitetos, policiais e até museólogos têm salário milionário na Câmara e Senado
Brasil|Do R7, em Brasília
Além de porteiros, garçons, recepcionistas e outras funções terceirizadas, profissionais com mais qualificação e com ensino superior completo lotados no Congresso Nacional também vivem realidade bem diferente dos colegas da iniciativa privada, como mostra novo levantamento feito pelo R7.
Em alguns casos, como o de jornalistas e museólogos (profissionais responsáveis pela organização e manutenção de exposições de arte), a diferença chega a 522%, no caso dos primeiros, e a 446%, no caso dos demais.
Policiais legislativos também ganham muito acima do piso salarial dos policiais militares, independentemente do Estado em que o agente atua. No caso dos agentes que vivem no Distrito Federal e que estão entre os três mais bem remunerados, a diferença entre eles e os colegas do Senado chega a 392% em favor destes.
Enquanto o policial legislativo concursado do Senado tem salário de R$ 13,8 mil, o soldado da PM em Brasília ganhará R$ 7.000 no final do ano que vem, conforme o reajuste escalonado concedido pelo governo no ano passado.
Mesmo na crise, Congresso paga supersalários para garçons, porteiros, recepcionistas e terceirizados
A discrepância remuneratória em outras profissões, ainda que menor, não deixa, porém, de ser impactante ao longo de um ano de trabalho. É o caso de médicos ortopedistas e neurologistas, por exemplo. Na Câmara, eles têm remuneração de R$ 14,8 mil, enquanto que, em hospitais e clínicas particulares, o salário varia entre R$ 6.000 e R$ 11 mil, uma diferença que, ao longo de 12 meses pode chegar a R$ 100 mil se comparado o valor mais baixo com os proventos do médico na Câmara.
Segundo a Fenam (Federação Nacional dos Médicos), a recomendação em 2015 é de que o piso desses profissionais seja de R$ 11.675, valor mesmo assim com diferença expressiva: o equivalente a 78% da remuneração paga na Câmara.
Lotados como analistas legislativos (o mais recente concurso foi em 2012), os jornalistas do Senado vivem num conto de fadas se avaliada a dissintonia entre o que ganham e o que recebe a grande maioria dos colegas de profissão. No Distrito Federal, o piso salarial dos jornalistas, conforme o Sindicato dos Jornalistas local, é de R$ 3.528. Já os jornalistas do Senado iniciam a carreira ganhando R$ 18.440, uma diferença de 522%.
Situação similar é a dos museólogos. Na Câmara, eles ganham R$ 14,8 mil enquanto que fora, no mercado de trabalho, a profissão tem média salarial de R$ 3.000.
Entre os arquitetos a diferença é menor, mas não menos robusta. O salário mínimo, de acordo com o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo) para nove horas diárias é de R$ 7.000. Mas na Câmara, a remuneração inicial é de R$ 11,9 mil.
Profissões menos visadas também são remuneradas de forma bem diferente no Congresso Nacional. É o caso de técnicos em gesso ou dos técnicos que trabalham no setor de radiologia dos departamentos médicos das duas Casas.
Em média, segundo empresas de recursos humanos consultadas pelo R7, esses profissionais ganham até R$ 3.000, mas no Congresso o salário deles é de R$ 7.438.