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Grupo viaja 10 mil km entre o Grajaú e Macchu Picchu de van

Jornada durou 25 dias e cruzou três países. Amigos vão produzir um documentário

Brasil|Juca Guimarães, do R7

Os seis amigos em Cochabamba, na colina de San Pedro (Bol)
Os seis amigos em Cochabamba, na colina de San Pedro (Bol) Os seis amigos em Cochabamba, na colina de San Pedro (Bol)

Seis amigos que moram no Grajaú, bairro no extremo Sul da periferia de São Paulo, decidiram embarcar em aventura inesquecível. Juntos eles planejaram uma viagem de 25 dias numa van até o Vale Sagrado de Macchu Picchu, no Peru.

No caminho, eles conheceram de perto um pouco do cotidiano de outras periferias sul-americanas, seus habitantes e suas histórias. O material reunido durante a aventura de 10.000 km será compilado em um documentário.

Os amigos Valéria Ribeiro, Gi Barauna, Ricardo Negro, Denise Araújo, Susy Neves e Thiago Paixão saíram do Grajaú no dia 27 de dezembro e dois dias depois já estavam em Puerto Quijaro, na Bolívia. No sexto dia de expedição, no Réveillon, o grupo saiu de San José de Chiquitos com destino a Santa Cruz de la Sierra, onde passaram o primeiro dia de 2017. Na sequência, o sexteto foi para Cochabamba e, em seguida para La Paz, a capital boliviana.

"Conheci uma senhora chamada Katty Calderón em uma loja de artesanatos em La Paz. Começamos a conversar sobre nossos países e nossas culturas, ela disse que não viajava muito, mas que gostaria de viajar. Eu a incentivei, disse que viajava bastante e que ela deveria fazer isso e tal. Aquele foi o momento mais intenso com outra pessoa durante toda a viagem. Não sei explicar direito, era como se quiséssemos de alguma forma ter um pouquinho uma da outra, eu um pouquinho da Bolívia e ela um pouquinho do Brasil. Quando nos despedimos nos abraçamos, foi muito bonito", disse Valéria Ribeiro.

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Preparativos

O grupo se preparou bastante e fez muitas pesquisas antes da viagem. Fizeram uma revisão completa na van, que tem capacidade para sete pessoas, e compraram comida e água potável. A despesa da viagem, dividida em partes iguais, ficou em R$ 170 para cada um por dia de expedição. Um dos maiores custos foram os pacotes de visitação ao vale sagrado: US$ 260 por pessoa, que inclui visita a Pisac e Ollantaytambo, o trem econômico até Machu Picchu, hospedagem em Águas Calientes, povoado que fica ao pé de Machu Picchu, e o tíquete de acesso ao parque arqueológico. Os seis jovens também conseguiram um patrocínio de comerciantes do Grajaú. Colaboram com a viagem um salão de beleza, uma oficina mecânica e uma academia de artes marciais.

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A expedição foi planejada para ser a mais econômica e rica de experiências possível. "Levamos um fogão duas bocas e um botijão pequeno, e cozinhamos bastante nos quartos dos hotéis que não havia cozinha para o hóspede, até que o gás acabou em Cusco no meio do cozimento da lentilha. Claro que usamos nossa cara de pau e pedimos para usar a cozinha do hotel para terminar nosso jantar", contou Valéria. Fragmentos da viagem foram registrados na página da expedição.

Descobertas

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O contato com a cordilheira dos Andes foi um dos momentos mais significativos da jornada. "Sinto que as cordilheiras unem as nações por onde passa, e é uma veia que atravessa nosso continente. Me senti mais sul americana ao fazer isso, ver as paisagens, os povos indígenas, os montes nevados, que nunca havia visto, e saber que saímos dirigindo do Grajaú, uma das grandes periferias do Brasil, e que estávamos ali, vencendo nossas próprias barreiras, nossos medos foi muito significativo. Ver a paisagem mudando, deixando o verde e se tornando árida, sentir a força da altitude e o que ela nos causa e ver a dificuldade de quem vive ali, a pobreza extrema. Ver como somos tão ricos e muitas vezes não valorizamos", disse.

A chegada ao vale sagrado de Macchu Picchu, no Peru
A chegada ao vale sagrado de Macchu Picchu, no Peru A chegada ao vale sagrado de Macchu Picchu, no Peru

Os expedicionários do Grajaú também tiveram contato com o preconceito que os descendentes dos nativos sofrem. "Comprei uma arte de uma artista de rua chamado Edgar Caller e conversamos um pouco. Ele me contou sobre o preconceito que há entre os moradores de Cusco e de Lima a capital, segundo ele por anos existe certa rivalidade, a primeira é a descendência, a grande maioria dos peruanos moradores de Lima é de descendência europeia, portanto, são mais claros enquanto os de Cusco são descendentes dos índios Tupac Amarú (Inca), e possuem a pele mais escura, por isso são discriminados no próprio país", disse Gi Barauna.

Como momento marcante da viagem, Gi destaca a chegada ao lago Titicaca. "Foi lindo, fizemos a travessia numa balsa que era uma enorme canoa, conduzida por um pequeno motor e remos", disse.

Após tantas aventuras na estrada, os seis amigos estão animados e ansiosos para novas viagens juntos. Os planos são de uma expedição pela Europa, em 2019.

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