Investigação da PF indica que suspeitos de fraude tinham gabarito do Enem
Investigações tiveram início a partir de um cruzamento de dados realizado pelo Inep
Brasil|Do R7, com Estadão Conteúdo
Várias pessoas suspeitas de participar de um esquema de fraude do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) receberam de forma antecipada o gabarito das provas desse ano, apontaram investigações da Polícia Federal.
No Ceará, um secretário municipal de Saúde levava no bolso da calça um texto pronto sobre o tema. Segundo a delegada da PF Fernanda Coutinho, é possível que ele tivesse acesso ao gabarito e ao tema antes do início da prova.
Em Macapá, um candidato foi abordado pelos policiais federais que encontraram em um de seus bolsos um texto com o tema da redação. Levado para a sede da Polícia Federal, o homem confessou que foi fazer a prova já sabendo o tema da redação, que lhe foi passado por uma amiga.
Em Teresina, um candidato ainda foi interceptado com anotações que sugeriam se tratar de um gabarito. No entanto, o suspeito acabou engolindo o papel, destruindo as provas e evitando a prisão em flagrante. Ele foi ouvido e vai seguir sendo monitorada pela Polícia Federal.
Já na cidade de Capitão do Poço, no Pará, uma estudante foi identificada com um celular em um salgadinho. A participante foi eliminada do exame e foi registrado um boletim de ocorrência.
De acordo com a Polícia Federal, uma das investigações — que culminou na Operação Jogo Limpo — teve início a partir de um cruzamento de dados realizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) que identificou respostas idênticas entre 22 candidatos no Enem de 2015.
A partir de então, foi identificado que estes candidatos se inscreveram na edição deste ano do exame e seriam os responsáveis por repassar as respostas para os envolvidos no esquema.
As informações eram trocadas por meio de uma central telefônica, que consistia em um aparelho celular e um ponto eletrônico. Ainda foram feitas apreensões de tablets e anotações.
A assessoria de comunicação da PF informou que foi arbitrada fiança para todos que foram presos, mas, mesmo após o pagamento, os investigados ainda vão responder ao processo.
Confirmada a participação dos demais suspeitos na fraude, eles poderão responder ainda pelos crimes de estelionato e uso de documento falso.