Justiça Federal aceita denúncia contra doleiro e mais seis flagrados pela Operação Lava-Jato
MPF sugere que investigados cometeram crime contra sistema financeiro e lavaram dinheiro
Brasil|Do R7
A Justiça Federal do Paraná aceitou nesta quarta-feira (23) denúncia contra o doleiro Alberto Youssef e mais seis envolvidos no esquema flagrado pela Operação Lava-Jato da Polícia Federal. A denúncia do MPF (Ministério Público Federal) ao grupo de sete investigados tem como base crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
Além de Youssef, também foram denunciados Leonardo Meirelles, Leandro Meirelles, Pedro Argese Junior, Esdra de Arantes Ferreira, Raphael Flores Rodriguez e Carlos Alberto Pereira da Costa. Portanto, Youssef, que era "o líder do grupo criminoso, mandante e executor dos crimes", segundo o MPF, e os outros seis passam a ser réus no processo.
A denúncia do MPF afirma que "os acusados teriam promovido, por 3.649 vezes, entre julho de 2011 a 17/03/2014, a evasão fraudulenta de USD 444.659.188,75 [US$444,7 milhões], o que teriam feito mediante a celebração de contratos de câmbio fraudulentos para pagamentos de importações fictícias, utilizando empresas de fachada ou em nome de pessoas interpostas".
Segundo a Justiça Federal, o doleiro Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, serão "objeto de denúncia em apartado". Isso quer dizer que eles responderão a processo separadamente.
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O juízo da 13ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Curitiba da Justiça Federal, que aceitou a denúncia do MPF, marcou uma audiência com os dois principais agentes do grupo. Segundo o processo, considerando que dois acusados estão presos preventivamente, Paulo Roberto da Costa e o doleiro Alberto Youssef, foi marcada uma audiência para o dia 30 de maio na sede da Justiça Federal, em Curitiba, às 14h.
Outra mudança no andamento do processo é que a Justiça Federal de Curitiba decidiu não ser necessário o segredo de justiça para o caso. Segundo a decisão do juiz do caso, "a cultura do segredo não é compatível com o trato da coisa pública. Deixo de impor, portanto, o segredo de justiça sobre os autos da ação penal".
Operação Lava-Jato
Deflagrada no dia 17 de março, a operação é fruto de investigação de esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que envolvia quatro doleiros. Entre os doleiros detidos está Alberto Youssef, cuja relação com o deputado André Vargas (PT-PR) acabou custando ao petista o cargo de vice-presidente da Câmara.
A PF acredita que o esquema investigado pela Lava-Jato pode ter movimentado mais de R$ 10 bilhões. A polícia diz que o material apreendido nesta sexta-feira contribuirá para os relatórios finais dos inquéritos em andamento.
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa está preso desde o mês passado pela Operação Lava-Jato, acusado de envolvimento com Youssef, que lavaria dinheiro de propinas de fornecedores da petroleira. A primeira fase da operação focou doleiros.