Em sua delação premiada na Lava Jato, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado listou os nomes de 20 políticos que teriam recebido propinas no esquema de corrupção na subsidiária da Petrobras, incluindo o presidente interino Michel Temer (PMDB), que, segundo o delator, teria pedido a ele recursos ilícitos para a campanha de Gabriel Chalita (PMDB) à Prefeitura de São Paulo em 2012.
Os políticos envolvidos no repasse de doações ilegais de campanha são de seis partidos: PP, PMDB, PT, PSDB, DEM e PCdoB.
De acordo com o delator, todos os políticos citados por ele "sabiam" do funcionamento do esquema de corrupção capitaneado por ele na estatal e, "embora a palavra 'propina' não fosse dita, esses políticos sabiam, ao procurarem o depoente, que não obteriam dele doação com recursos do próprio, enquanto pessoa física, nem da Transpetro, e sim de empresas que tinham relacionamento contratual com a Transpetro".
Conforme os depoimentos do ex-executivo da maior distribuidora de combustível do País, o PMDB, legenda responsável pela indicação de Machado para a presidência da estatal, teria recebido a maior fatia, cerca de R$ 100 milhões.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Roméro Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) são alguns dos nomes delatados por Machado. Os três, segundo o ex-presidente da Transpetro, receberam grana por meio de doações oficiais e em dinheiro em espécie, o que configura propina.
Ainda segundo Machado, nenhuma das doações solicitada por ele às empresas era lícita.
De acordo com ele, empreiteiras que mantinham contrato com a estatal realizavam pagamentos mensais de propinas para políticos, parte por meio de entrega de dinheiro vivo e parte por meio de doações oficiais, como forma de garantir os contratos com a estatal, que era área de influência do PMDB.
O delator assumiu a presidência da estatal em 2003, por indicação do presidente do Senado Renan Calheiros, dos senadores Jader Barbalho, Romero Jucá e Edison Lobão e do ex-presidente José Sarney, todos da cúpula do PMDB e que foram beneficiados com propinas do esquema.
Machado admitiu ainda que administrava a estatal visando "extrair o máximo possível de eficiência das empresas contratadas pela estatal, tanto em qualidade quanto em preço" e que outros políticos, além dos responsáveis por sua indicação ao cargo, também se beneficiaram do esquema criminoso.
"O depoente também repassou propina, via doação oficial, para os seguintes: Cândido Vaccarezza (PT), Jandira Feghali (PCdoB), Luis Sérgio (PT), Edson Santos (PT), Francisco Dornelles (PP), Henrique Eduardo Alves (PMDB), Ideli Salvatti (PT); Jorge Bittar (PT), Garibaldi Alves (PMDB), Valter Alves, José Agripino Maia (DEM), Felipe Maia (DEM), Sergio Guerra (PSDB, morto em 2014), Heráclito Fortes (PMDB), Valdir Raupp (PMDB); que Michel Temer pediu ao depoente que obtivesse doações oficiais para Gabriel Chalita, então candidato a prefeito de São Paulo".
As empreiteiras que aceitaram pagar propina para os políticos foram a Camargo Corrêa, Queiroz Galvão , Galvão Engenharia, NM Engenharia, Estre Ambiental, Polidutos, Essencis Soluções Ambientais, Lumina Resíduos Industriais e Estaleiro Rio Tietê.