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Militares buscarão Justiça contra acusações da Comissão da Verdade

Clube Militar quer que Forças Armadas defendam acusados de crimes na ditadura

Brasil|Silvia Ribeiro, do R7 Rio

General Pimentel criticou composição e conclusões da Comissão Nacional da Verdade na sede do Clube Militar, no centro do Rio
General Pimentel criticou composição e conclusões da Comissão Nacional da Verdade na sede do Clube Militar, no centro do Rio General Pimentel criticou composição e conclusões da Comissão Nacional da Verdade na sede do Clube Militar, no centro do Rio

Sócios do Clube Militar, entidade privada composta por 12 mil militares da ativa, da reserva e civis, já manifestaram o desejo de ir à Justiça contra a citação de seus nomes ou de parentes em lista produzida pela CNV (Comissão Nacional da Verdade) de 377 nomes de agentes do Estado e civis responsabilizados — direta e indiretamente — por crimes durante a ditadura.

Segundo o presidente do Clube Militar, o general da reserva Gilberto Rodrigues Pimentel, de 74 anos, a lista contém o que chamou de injustiças contra heróis das Forças Armadas. Pimentel, que comentou o relatório divulgado na semana passada na sede do clube, na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro, evitou citar os sócios que se movimentam para ir à Justiça e saiu em defesa de integrantes das Forças Armadas falecidos, como Castelo Branco, primeiro presidente do regime militar, e o brigadeiro Eduardo Gomes, patrono da FAB (Força Aérea Brasileira).

— Sai a lista e ali estão os nossos chefes, pessoas que nos ensinaram, da maior reputação. Vou dar um exemplo: lá está o brigadeiro Eduardo Gomes, que é patrono da Força Aérea, um dos maiores democratas do nosso País. Vemos o Castelo Branco, vemos heróis.

Para a CNV, ambos têm "responsabilidade político-institucional pela instituição e manutenção de estruturas e procedimentos destinados à prática de graves violações de direitos humanos".

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Após a divulgação do relatório, a família do general Leo Guedes Etchegoyen, que morreu em 2003, condenou a citação do nome dele na lista da CNV. Por meio de nota, a viúva e os filhos do general dizem que a comissão lançou mão da "covardia como norma e a perversidade como técnica acusatória". A nota não fala em ação judicial, mas afirma que "seguiremos defendendo sua honrada memória e responsabilizando os levianos que a atacarem".

Ao R7, Pimentel criticou a composição da CNV — segundo ele, "todos os integrantes da comissão são do outro lado" — e o foco dos trabalhos — agentes do Estado, sem incluir membros de movimentos de esquerda que resistiram à ditadura. Para o general, as Forças Armadas deveriam sair em defesa de acusados pela comissão que não teriam envolvimento com violações dos direitos humanos durante o regime militar. Por outro lado, diferentemente do que sugere a CNV, as Forças Armadas não devem, segundo Pimentel, reconhecer a responsabilidade por esses crimes, porque isso seria admitir que a tortura fora institucionalizada durante o período.

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— Eu acho que as Forças Armadas têm quase que o dever de, sem crise, tratar de defender essas pessoas. É um dever deles corrigir o que nós consideramos uma grande injustiça.

O general questiona as conclusões da CNV, cujo objetivo foi restabelecer a memória do período da ditadura ao apontar que 434 pessoas foram mortas e desapareceram, alegando que seus integrantes não seriam "neutros", mas "ideologicamente do lado oposto".

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— Como o relatório foi feito só por um lado, você vai ver gente que nunca foi chamada, que nunca foi ouvida. Gente que já morreu há muito tempo e companheiros nossos que nós convivemos muito tempo e sabemos que não estão envolvidos naquela luta. O nome deles apareceu ali indevidamente.

Pimentel diz que a comissão — instituída por lei em 2012 — reescreve a história "como eles querem". Em contrapartida, o Clube Militar divulgou anúncio no jornal O Globo, na última quinta-feira (11), em que lista 216 nomes de militares e civis mortos por movimentos de resistência da esquerda.

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