Miller nega crime, mas admite que fez “lambança” no caso JBS
Ex-procurador da República prestou depoimento nesta quarta-feira (29)
Brasil|Juliana Moraes, do R7, com Agência Senado
Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, na manhã desta quarta-feira (29), o ex-procurador da República Marcello Miller classificou como “lambança” e “erro brutal de avaliação” durante a negociação de delação premiada com os executivos da JBS, do grupo J&F.
“Comecei a ter contato com a J&F antes da delação acontecer. Respondia perguntas, refletia sobre o caso, e não estou negando nada disso. Fiz uma avaliação e não cometi crime, espero mesmo que apurem os fatos, mas eu cometi um erro brutal de avaliação. Eu fiz uma lambança", declarou.
Além disso, Miller garantiu que não orientou Joesley a gravar o presidente da República Michel Temer em março deste ano.
Durante as negociações da delação, Miller ainda mão havia deixado oficialmente o MPF (Ministério Público Federal). Ele é investigado por suspeita de ter orientado o empresário Joesley Batista e o executivo Ricardo Saud, ambos do grupo J&F, a omitirem informações em seus acordos de delação premiada.
“Essa história de eu ser o 'gravador-geral da República' não existe. Nunca orientei ninguém a gravar ninguém”, afirmou.
Apesar de ter admitido o erro, o ex-procurador declarou durante o depoimento que não traiu o MPF ao sair do órgão para começar a trabalhar no escritório Trench, Rossi e Watanabe Advogados, que tinha a J&F como cliente.
“Não traí o MPF porque tudo o que eu incentivava a empresa a fazer era o que eu faria se estivesse no exercício de minha função (na PGR). É o que eu diria se estivesse numa sala de aula, é o que eu diria a um amigo. Eu incentivava a empresa a se remediar.”
Ainda durante o depoimento, o ex-procurador desmentiu ainda que fosse “braço direito” do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.