O MP (Ministério Público) de Goiás apresentou nesta segunda-feira (24) denúncia ao TJ (Tribunal de Justiça) do Estado contra o procurador do Estado Demóstenes Torres. O político foi cassado em 2012 após ser comprovado seu envolvimento com a máfia dos caça-níqueis e com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. O ex-senador também foi denunciado por envolvimento com Cláudio Abreu, ex-diretor da construtora Delta, envolvido em crime de corrupção ativa. O caso estava sendo analisado em instâncias superiores, mas com a perda do foro privilegiado, o MP-GO passou a comandar a acusação. A denúncia foi feita com base em dados coletados durante as operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal.Afastado há seis meses, Demóstenes já recebeu R$ 154 mil do MP sem trabalharDemóstenes continua afastado do MP, mas é declarado membro vitalício e mantém salário mensal de R$ 25 mil Como o cargo de promotor de Justiça é vitalício, Demóstenes continua recebendo o continua recebendo o salário de R$ 25.753. Com seu salário é possível comprar um carro popular por mês. Entre outros fatos, o MP apurou que, no período de junho de 2009 a fevereiro de 2012, Demóstenes recebeu por diversas vezes, vantagens indevidas como viagens em aeronaves particulares, quantias em dinheiro (R$ 5,1 milhões em uma oportunidade, R$ 20 mil e R$ 3 mil em outras), garrafas de bebidas de alto valor e eletrodomésticos de luxo. Tais atividades seriam incompatíveis com sua função no Senado. Há ainda prova nos autos de que, em 9 de julho de 2011, o ex-senador patrocinou diretamente interesses de Carlinhos Cachoeira e Cláudio Abreu junto ao prefeito de Anápolis. Segundo o MP, os dois ofereceram quantia em dinheiro para que fosse feito o pagamento de um crédito de R$ 20 milhões da Construtora Queiroz Galvão S/A e que a Delta Construtora tencionava comprar. Não há indício do pagamento nem de que o prefeito tenha aceitado o valor oferecido. A pena prevista para o crime de corrupção passiva imputado a Demóstenes varia de 2 a 12 anos de reclusão e multa, O pedido do MP-GO é que as penas para cada crime sejam somadas, o que daria no mínimo 16 anos. Já a pena prevista para o crime de advocacia administrativa varia de 1 a 3 meses de detenção ou multa. Para o crime de corrupção ativa, imputado a Carlinhos Cachoeira e Cláudio Abreu, a pena varia de 2 a 12 anos de reclusão e multa. Também foi protocolado junto ao TJ-GO o pedido de quebra de sigilo fiscal de Demóstenes Torres, ainda não analisado.