MPF denuncia Lula e dona Marisa Letícia na Lava Jato
Ex-presidente é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá
Brasil|Marc Sousa, da TV Record Curitiba, com Estadão Conteúdo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a mulher dele, Dona Marisa Letícia, e outras seis pessoas foram denunciadas, nesta quarta-feira (14), pelo MPF (Ministério Público Federal). por corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato, especificamente no caso da reforma do apartamento triplex localizado em Guarujá (SP).
O petista e sua mulher são acusados de serem donos do imóvel, avaliado em até R$ 1,8 milhão, e terem sido beneficiados por obras da OAS no triplex.
A suspeita é que a reforma do imóvel, entre abril e setembro de 2014, tenha sido executada pela empreiteira. Em troca, Lula teria usado sua influência política para trabalhar em favor da OAS no exterior, especialmente na América Latina e África.
Além de Lula e dona Marisa Letícia, também foram incluídos na denúncia o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto; José Adelmário Pinheiro Filho (Léo Pinheiro), ex-presidente da empreiteira OAS; Agenor Franklin Magalhães Medeiros, ex-executivo da OAS; Paulo Roberto Valente Gordilho, engenheiro da OAS; Fábio Hori Yonamine; Roberto Moreira Ferreira. Agora, a Justiça Federal vai decidir se os oito se tornarão réus no processo.
De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, Lula recebeu "benesses" da empreiteira OAS — uma das líderes do cartel que pagava propinas na Petrobras — em obras de reforma no apartamento 164-A do Edifício Solaris.
O prédio foi construído pela Bancoop (cooperativa habitacional do sindicato dos bancários), que teve como presidente o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto - preso desde abril de 2015. O imóvel foi adquirido pela OAS e recebeu benfeitorias da empreiteira.
A reportagem do R7 procurou o Instituto Lula, que normalmente responde pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, mas não obteve retorno.
Leia mais notícias de Brasil e Política
Indiciamento
No final do mês passado, a PF (Polícia Federal) havia indiciado o ex-presidente Lula no inquérito que investiga o tríplex do Condomínio Solaris no Guarujá, litoral paulista.
O petista é alvo de três investigações centrais na Operação Lava Jato, em Curitiba, sede da investigação do esquema de cartel e corrupção na Petrobras.
A ex-primeira-dama Marisa Letícia e o ex-presidente do Instituto Lula Paulo Okamotto também foram indiciados.
Na ocasião, Lula era suspeito de ter praticado os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Já Dona Marisa, corrupção e lavagem de dinheiro.
A conclusão do delegado Márcio Adriano Anselmo é de que o casal "foi beneficiário de vantagens ilícitas, por parte da OAS, em valores que alcançaram R$ 2,4 milhões referentes às obras de reforma no apartamento 164-A do Edifício Solaris, bem como no custeio de armazenamento de bens do casal".
No indiciamento, o delegado Márcio Adriano Anselmo, afirmou que "[Lula] recebeu vantagem indevida por parte de José Aldemário Pinheiro e Paulo Gordilho, presidente e engenheiro da OAS, consistente na realização de reformas no apartamento 174".
O imóvel recebeu obras avaliadas em R$ 777 mil, móveis no total de R$ 320 mil e eletrodomésticos no valor de R$ 19 mil — totalizando R$ 1,1 milhão.