MPF: "quadrilhão do PMDB" recebeu ao menos R$ 587 mi em propina
Denúncia aponta arrecadação originada na utilização de órgãos públicos
Brasil|Alexandre Garcia, do R7
O grupo conhecido como "quadrihão do PMDB", denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal), teria recebido pelo menos R$ 587.101.098,48 em propina, afirma a denúncia apresentada nesta quinta-feira (14) pelo procurador Rodrigo Janot. Segundo a acusação, estão inclusos no valor US$ 60 milhões.
Foram denunciados como integrantes do grupo o presidente Michel Temer, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência), os ex-ministros Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima e os ex-deputados Rodrigo da Rocha Loures e Eduardo Cunha.
De acordo com a denúncia, os denunciados agiram na arrecadação de propina por meio da utilização de diversos entes e órgãos públicos, entre os quais aparecem a Petrobras, a usina de Furnas, a Caixa Econômica Federal, o Ministério da Integração Nacional, o Ministério da Agricultura, a Secretaria de Aviação Civil e a Câmara dos Deputados.
"Tem-se verdadeira organização criminosa, espelhada na estrutura de Estado, com núcleos autônomos e interdependentes, em verdadeira e típica organização nodal, como sói ocorrer em crimes de 'colarinho branco'", afirma a acusação.
Além dos crimes praticados pelo "quadrilhão", o MPF aponta que o grupo gerou prejuízo também aos cofres públicos. Somente na Petrobras, a denúncia aponta que a atuação da organização criminosa resultou em prejuízos que podem chegar a R$ 29 bilhões.
A denúncia destaca ainda que o esquema "adquiriu caráter transnacional", demonstrado "por dois de seus mecanismos de ocultação e dissimulação de valores ilícito": transferências bancárias internacionais, na maioria das vezes com o mascaramento em três ou mais níveis, e; a aquisição de instituição financeira com sede no exterior, com o objetivo de controlar as práticas de compliance e, assim, dificultar o trabalho das autoridades.
"Ao denunciado Michel Temer imputa-se também o crime de embaraço às investigações relativas ao crime de organização criminosa... por ter o atual presidente da República instigado os empresários a pagarem vantagens indevidas a Lúcio Funaro e Eduardo Cunha, com a finalidade de impedir estes últimos de firmarem acordo de colaboração", destaca a denúncia.