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Muhammad Ali, lenda do boxe, morre aos 74 anos nos EUA

Brasil|

Por Ricardo Arduengo

SCOTTSDALE, Arizona (Reuters) - O ex-campeão mundial dos pesos pesados ​​Muhammad Ali, uma das figuras mais conhecidas do século 20 em razão de sua carreira lendária no boxe, talento como showman e posições políticas, morreu na sexta-feira aos 74 anos, nos Estados Unidos.

Ali, que sofria há muito tempo da doença de Parkinson, que prejudicou sua fala e fez o atleta quase um prisioneiro em seu próprio corpo, morreu um dia após ser internado em um hospital na região de Phoenix com problemas respiratórios.

Ainda assim, a declaração do jovem Ali sobre ele mesmo como "o maior" soou verdadeira até o fim para milhões de pessoas no mundo que o admiravam por sua coragem, tanto dentro como fora do ringue.

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Juntamente com uma temível reputação como um lutador, ele falou contra o racismo, a guerra e a intolerância religiosa, enquanto projetava uma confiança inabalável e humor, tornando-se um modelo para os afroamericanos, no auge da era dos direitos civis.

"Muhammad Ali foi um dos maiores seres humanos que já conheci", disse George Foreman, que perdeu para Ali no Zaire em uma luta histórica em 1974 intitulada "Rumble in the Jungle" (a luta na floresta).

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Ali gozava de popularidade que transcendia o mundo dos esportes, embora tenham sido raras suas aparições em público nos seus últimos anos.

Como primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama disse que Ali era "um homem que lutou por nós" e o colocou no panteão dos líderes dos direitos civis Martin Luther King Jr. e Nelson Mandela.

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"Sua luta fora do ringue lhe custou seu título e sua posição pública. Isso lhe rendeu inimigos à esquerda e à direita, fez com que fosse insultado e quase o mandou para a prisão. Mas Ali se manteve firme. E sua vitória nos ajudou a nos acostumar com a América que reconhecemos hoje", disse Obama em comunicado.

O diagnóstico de Parkinson de Ali veio cerca de três anos depois que ele se aposentou do boxe em 1981.

Ele lutou contra a doença por três décadas, mas realizou diversas aparições públicas incluindo na cerimônia de abertura das Olimpíadas de Atlanta em 1996, acalmando o tremor do Parkinson em suas mãos o suficiente para acender a tocha olímpica. Ele também participou da abertura das Olimpíadas de Londres em 2012, parecendo frágil em uma cadeira de rodas.

Sua influência vai muito além do esporte. Ali se tornou o porta-voz não oficial de milhões de negros e grupos oprimidos ao redor do mundo por se recusar a comprometer suas opiniões e enfrentar autoridades brancas.

Tributos ocorreram ao redor do mundo nos esportes, entretenimento e política.

"Perdemos um gigante hoje. O boxe se beneficiou dos talentos de Muhammad Ali, mas não tanto quanto o gênero humano se beneficiou de sua humanidade", disse Manny Pacquiao, boxeador e político das Filipinas, onde Ali lutou contra seu arqui rival Joe Frazier pela terceira vez em uma disputa brutal em 1975 apelidada "Thrilla in Manila."

O jogador brasileiro Pelé escreveu em sua conta de Instagram: "O universo esportivo acaba de sofrer uma grande perda. Muhammad Ali era meu amigo, meu ídolo, meu herói".

Em um reino onde atletas normalmente batalham contra a falta de articulação além de seus oponentes, Ali era conhecido como o lábio de Louisville e amava falar - especialmente sobre si mesmo.

"Pessoas humildes, eu descobri, não chegam muito longe", disse ele uma vez a um jornalista.

Suas provocações podiam ser brutais. "Joe Frazier é tão feio que quando ele chora, suas lágrimas dão a volta e descem pela sua nuca", disse ele uma vez. Ele também apelidou Frazier de "gorila", mas depois pediu desculpas e disse que tinha sido apenas para promover a luta.

Uma vez perguntado sobre seu legado preferido, Ali disse: "Eu gostaria de ser lembrado como um homem que venceu o título dos pesos pesados três vezes, que era bem humorado e que tratava a todos direito. Um homem que nunca desprezou aqueles que o admiravam... que defendeu suas crenças... que tentou unir toda a humanidade através da fé e do amor.

"E se isso for muito, então eu acho que eu aceitaria ser lembrado apenas como um grande boxeador que se tornou um líder e um campeão do seu povo. Eu nem ligaria se as pessoas esquecessem quão bonito eu era."

Ali nasceu em Louisville, Kentucky, em 17 de janeiro de 1942 como Cassius Marcellus Clay Jr., nome de um abolicionista da escravidão no século XIX. Ele mudou seu nome após se converter ao islamismo.

Ali deixa sua mulher, Lonnie Williams e seus nove filhos.

(Reportagem adicional de Brendan O'Brien em Milwaukee e Frank McGurty em Nova York)

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