Petrobras desmente ex-gerente e diz que ela foi investigada em comissão interna
Venina Velosa alertou diretoria da estatal sobre irregularidades antes da operação Lava Jato
Brasil|Do R7
A Petrobras emitiu uma nota oficial, na noite da última sexta-feira (12), para esclarecer as denúncias da ex-gerente Venina Velosa da Fonseca, divulgadas na imprensa ontem, de que alertou a diretoria da estatal sobre os indícios de fraude antes da operação Lava Jato da PF (Polícia Federal). Venina disse que avisou até a presidente da Petrobras, Graça Foster, sobre sua suspeita de fraudes na estatal.
O comunicado desmente a versão de Venina, diz que a Petrobras investigou os indícios de irregularidades e afirma que Venina foi investigada e citada em um relatório de uma comissão interna que apurou procedimentos de contratação de obras da refinaria de Abreu e Lima.
De acordo com a nota, “a Petrobras reitera que tomou todas as providências para elucidar os fatos citados nas reportagens. Não procede a afirmação de que não houve apuração por parte da Companhia em nenhum dos três casos citados por ela: RNEST, Compra e Venda de BUNKER e Irregularidades da Gerência de Comunicação do Abastecimento”.
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Ontem, reportagem do jornal Valor Econômico trouxe a versão de Venina, que teria denunciado um esquema de superfaturamento de contratos na estatal, que viria a financiar o pagamento de propinas e fomentar um esquema de fraude bilionário descoberto pela Lava Jato. Ela foi transferida para Cingapura depois de indicar as irregularidades.
Na Ásia, a então chefe da unidade denunciou também perdas milionárias que a Petrobras teria acumulado no comércio de combustível para navios. Como consequência das afirmações de Venina, partidos de oposição pediram ontem a substituição imediata da presidente da estatal, Graça Foster. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) afirmou ser "inadmissível que não se promova uma mudança radical na Petrobras".
A nota da petroleira afirma que Venina foi investigada em uma comissão interna de apuração da estatal. Segundo a Petrobras, “a empregada foi ouvida nesta comissão, momento em que teve a oportunidade mas não revelou os fatos que está trazendo agora ao conhecimento da imprensa. A empregada guardou estranhamente por cerca de 5 anos o material e hoje possivelmente o traz a público pelo fato de ter sido responsabilizada pela comissão”.
O comunicado da estatal diz ainda que, depois de 2012, “a Petrobras aprimorou os procedimentos de compra e venda de bunker, com a implementação de controles e registros adicionais”.
— Com base no relatório final, a Companhia adotou as providências administrativas e negociais cabíveis. A Petrobras possui uma área corporativa responsável pelo controle de movimentações e auditoria de perdas de óleo combustível, que não constatou nenhuma não conformidade no período de 2012 a 2014.
Leia a nota na íntegra:
"Com referência às matérias publicadas na imprensa a respeito de denúncias feitas pela empregada Venina Velosa, a Petrobras reitera que tomou todas as providências para elucidar os fatos citados nas reportagens. Não procede a afirmação de que não houve apuração por parte da Companhia em nenhum dos três casos citados por ela: RNEST, Compra e Venda de BUNKER e Irregularidades da Gerência de Comunicação do Abastecimento.
A Petrobras instaurou comissões internas de apuração, entre as quais uma referente aos procedimentos de contratação nas obras da RNEST, em 2014. A empregada foi ouvida nesta comissão, momento em que teve a oportunidade mas não revelou os fatos que está trazendo agora ao conhecimento da imprensa. A empregada guardou estranhamente por cerca de 5 anos o material e hoje possivelmente o traz a público pelo fato de ter sido responsabilizada pela comissão.
A empregada foi citada no relatório desta Comissão com referência a responsabilidades por não conformidades consideradas relevantes. O resultado foi enviado às Autoridades Competentes (MPF, PF, CVM, CGU e CPMI) para as medidas pertinentes. A empregada foi destituída da função de diretora presidente da empresa Petrobras Singapore Private Limited em 19/11/2014, após o que ameaçou seus superiores de divulgar supostas irregularidades caso não fosse mantida na função gerencial.
A Petrobras instaurou comissões internas em 2008 e 2009 para averiguar indícios de irregularidades em contratos e pagamentos efetuados pela gerência de Comunicação do Abastecimento. O ex-gerente da área foi demitido por justa causa em 3 de abril de 2009, por desrespeito aos procedimentos de contratação da Companhia. A demissão não foi efetivada naquela ocasião porque seu contrato de trabalho estava suspenso, em virtude de afastamento por licença médica. A demissão foi efetivada em 2013. O resultado das análises foi encaminhado para a CGU e MP/RJ e há uma ação judicial em andamento visando ao ressarcimento dos prejuízos causados à companhia pelo ex-empregado.
Após resultado do Grupo de Trabalho constituído em 2012, a Petrobras aprimorou os procedimentos de compra e venda de bunker, com a implementação de controles e registros adicionais. Com base no relatório final, a Companhia adotou as providências administrativas e negociais cabíveis. A Petrobras possui uma área corporativa responsável pelo controle de movimentações e auditoria de perdas de óleo combustível, que não constatou nenhuma não conformidade no período de 2012 a 2014."