A Polícia Federal marcou para o dia 7 de abril o depoimento da jornalista Mirian Dutra, que teve um relacionamento extraconjugal com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nas décadas de 1980 e 1990. Ambos tiveram um filho. Mirian acusa o ex-presidente de usar uma empresa com contratos com o governo federal para enviar dinheiro para ela.
Mirian mora em Madri, na Espanha, mas o depoimento vai acontecer em São Paulo.
O inquérito da PF foi aberto no final de fevereiro e tem como base uma entrevista de Mirian ao jornal Folha de S.Paulo, publicada no dia 18 de fevereiro.
Ela afirma que a empresa Brasif S.A. Exportação e Importação foi o canal usado por FHC para enviar dinheiro ao exterior, por meio da assinatura de um contrato fictício de trabalho, assinado em dezembro de 2002 — quando FHC era presidente do Brasil — e com validade até dezembro de 2006.
Mirian afirma que Tomás é fruto de seu relacionamento com FHC nos anos 1990. Exames de DNA, porém, não confirmaram a paternidade do ex-presidente.
A empresa apontada por Mirian como favorecedora do esquema do tucano é a Brasif S.A. Exportação e Importação. Mirian chegou a mostrar um documnto que mostra a contratação dela pela empresa.
Segundo Mirian, ela tinha um contrato de US$ 3.000 (R$ 12 mil) com a empresa, mas não prestava qualquer tipo de serviço. O acordo foi costurado por FHC para complementar a renda dela e do filho. Á época, Mirian era jornalista contratada da Rede Globo, mas teve os vencimentos reduzidos.
No mesmo dia em que a reportagem da Folha foi publicada, FHC admitiu a existência de um contrato "há mais de 13 anos" com a Brasif S.A., mas disse não ter condições de se manifestar sobre os detalhes da relação entre Mirian e a empresa.
— Desconheço detalhes da vida profissional de Mirian Dutra. Com referência à empresa citada no noticiário de hoje (ontem), trata-se de um contrato feito há mais de 13 anos, sobre o qual não tenho condições de me manifestar enquanto a referida empresa não fizer os esclarecimentos que considerar necessários.
FHC afirmou ainda que os recursos destinados à jornalista "provieram de rendas legítimas" do seu trabalho.
— Depositadas em contas legais e declaradas ao IR, mantidas no Banco do Brasil em NY/ Miami ou no Novo Banco, Madri, quando não em bancos no Brasil.
A Brasif nega que tenha feito a contratação a pedido de FHC. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo publicada no último sábado (19), o ex-presidente afirmou que nunca remeteu divisa por meio da Brasif e que considera "bom" o andamento do inquérito.
— Eu acho bom [a investigação], para acabar com as suspeitas que foram lançadas por uma única pessoa, sem nenhum documento, nem nada.