PF vê indícios de organização criminosa de Temer e seus ministros
Órgão diz que grupo praticou corrupção, lavagem de dinheiro e fraude
Brasil|Do R7, com Reuters e Agência Brasil
A Polícia Federal concluiu nesta segunda-feira (11) a investigação em que apura crimes supostamente praticados por parlamentares do PMDB na Câmara dos Deputados.
A investigação chega a indícios de que o presidente Michel Temer e os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil) cometeram crime de corrupção.
No relatório final do inquérito que investigou o “quadrilhão” do PMDB na Câmara, também constam evidências de envolvimento do ex-ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e dos ex-presidentes da Câmara Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha no suposto esquema. Atualmente, os três estão presos.
Segundo a PF, que comprovou indícios da prática do crime de organização criminosa, integrantes da cúpula do partido, supostamente, mantinham estrutura organizacional com o objetivo de obter, direta e indiretamente, vantagens indevidas em órgãos da administração pública direta e indireta.
PGR pede arquivamento de inquérito contra caciques do PMDB
A investigação aponta que o grupo agia através de infrações penais, tais como corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro, fraude em licitação e evasão de divisas, crimes cujas penas máximas são superiores a quatro anos. Caberá à PGR (Procuradoria-Geral da República) decidir se vai denunciar Temer e seus ministros, com base nas conclusões do inquérito.
Outro lado
Em nota, a Secretaria de Imprensa da Presidência afirmou que o "presidente Michel Temer não participou e nem participa de nenhuma quadrilha, como foi publicado pela imprensa, deste 11 de setembro. O Presidente tampouco fez parte de qualquer estrutura com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagens indevidas em órgãos da administração pública”.
O texto afirma que as acusações são "insinuações descabidas", vazadas para "tentar denegrir a honra e a imagem pública" do presidente antes mesmo de serem apreciadas pela Justiça.
Em outra nota, "o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, informa que só irá se pronunciar quando e se houver acusação formal contra ele que mereça resposta".
Moreira Franco respondeu afirmando que "jamais" participou de qualquer grupo para a prática do ilícito.
"Repudio a suspeita. Responderei de forma conclusiva quando tiver acesso ao relatório do inquérito. Lamento que tenha que falar sobre o que ainda não conheço. Isto não é democrático", afirmou.
Henrique Eduardo Alves divulgou nota em que diz que faz parte do PMDB há mais de 40 anos e não de uma organização criminosa. “A tentativa de criminalizar a atividade política enfraquece a democracia e a sua inocência será provada ao longo do processo”, disse.
Defesas de Geddel e Cunha foram procuradas e não responderam a reportagem até o fechamento desta edição.
Presos
Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves, Geddel Vieira Lima estão presos após investigações da Operação Lava Jato. Cunha está preso em Curitiba, por ordem do juiz Sérgio Moro, desde 19 de outubro de 2016. Em março de 2017 foi condenado a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas e, em 18 de maio de 2017, teve novo mandado de prisão expedido pela Justiça.
Eduardo Alves foi preso preventivamente no dia 6 de junho de 2017 pela Polícia Federal na Operação Manus, que investigava corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas, em Natal.
O ex-ministro Geddel Vieira Lima voltou a ser preso, na última sexta-feira (8), em Salvador, três dias após a Polícia Federal encontrar mais de R$ 51 milhões, atribuídos a ele, em um apartamento. Anteriormente, ele havia sido preso preventivamente no dia 3 de julho de 2017, na Operação Greenfield, que investiga desvio de fundos de pensão.