PMs de SP são suspeitos de formar milícia e coagir eleitores no interior do Maranhão
Justiça manda PF fazer diligências para apurar ligação entre militares e prefeito de Santa Inês
Brasil|Alvaro Magalhães, do R7, e Josmar Jozino, da TV Record, especial para o R7
Policiais militares do Estado de São Paulo são suspeitos de formar milícia na cidade maranhense de Santa Inês, a 250 km da capital São Luís, para coagir eleitores e dar suporte ao atual prefeito, José de Ribamar Costa Alves (PSB). A PF (Polícia Federal) apura o caso.
Entre os investigados está um PM da Rota ameaçado de morte pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). O PM se envolveu em uma suposta perseguição e assassinato de um integrante da facção, em janeiro de 2012, em São Bernardo do Campo, no ABC. Esse episódio deu origem à matança de policiais promovida pelo crime organizado naquele ano, quando foram assassinados 102 policiais no Estado.
Outro militar tentou se candidatar a deputado neste ano. Apesar da suspeita, os dois foram promovidos no primeiro semestre.
A Polícia Militar do Estado de São Paulo abriu processo para apurar a conduta dos policiais. O R7 procurou, na segunda (24) e na terça-feira (25), a Prefeitura de Santa Inês, no Maranhão, mas não conseguiu contato com o prefeito.
O esquema começou a ser investigado em 6 de outubro de 2012, dia das últimas eleições municipais, quando quatro PMs paulistas foram detidos em Santa Inês, pela Polícia Militar do Maranhão, após serem flagrados com armas da corporação paulista sem os documentos necessários.
Embora possuam porte de arma, os PMs não estavam com o registro do armamento e nem com a autorização da PM para transportá-la ao Estado. Foram, então, levados à delegacia da Polícia Civil de Santa Inês e indiciados o cabo C.A., e os soldados J.C., R.C. e R.A. Todos foram liberados depois de pagar fiança.
Eleitores coagidos
De acordo com três fontes da Polícia Civil maranhense ouvidas separadamente pelo R7, a denúncia que levou à abordagem dos PMs dava conta de que eles estavam ameaçando eleitores. Os policiais também foram flagrados com material de campanha de Ribamar Alves, que na época disputava a prefeitura, e uma lista de nomes.
Além de responderem pela posse de arma, no fim das investigações os policiais acabaram indiciados pelo artigo 301 do Código Eleitoral, que consiste em “usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado candidato ou partido”.
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Ainda conforme a Polícia Civil, os militares paulistas estariam atuando na região havia ao menos uma semana. Policiais maranhenses já teriam visto o grupo, até então desconhecido, em áreas rurais da cidade. Santa Inês tem cerca de 90 mil habitantes.
Os investigadores apuraram que ao menos 20 policiais paulistas teriam agido na cidade. Além dos quatro suspeitos, um policial civil e um quinto PM foram detidos. A Polícia Civil maranhense, porém, não encontrou provas contra eles.
Polícia Federal
Após ser encaminhado ao Tribunal de Justiça do Maranhão, o inquérito que foi remetido à Justiça Eleitoral. Em junho deste ano, parecer da Procuradoria Eleitoral pediu novas diligências.
O caso foi enviado à PF. Agentes federais informaram que foi instaurado um inquérito para prosseguir as investigações. As apurações estão sob a responsabilidade da Delinst (Delegacia de Defesa Institucional).