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“Presidente da República mentiu à nação em rede de televisão”, diz Cunha sobre barganha política

Presidente da Câmara afirma que Dilma tentou trocar votos de petistas por aprovação da CPMF

Brasil|Rodrigo Vasconcelos, do R7, em Brasília

Cunha disparou contra a presidente Dilma Rousseff nesta quinta
Cunha disparou contra a presidente Dilma Rousseff nesta quinta

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta quinta-feira (3) que a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), “mentiu à nação em rede de televisão” na última quarta-feira (2). Cunha estava se referindo ao trecho do discurso de Dilma, ontem, em que ela disse que "jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha".

O peemedebista disse que Dilma tentou barganhar a aprovação da CPMF ("imposto do cheque") na Câmara em troca dos votos dos três deputados petistas que fazem parte do Conselho de Ética da Casa.

Atualmente, o colegiado analisa um pedido de cassação de Eduardo Cunha por quebra de decoro parlamentar por supostamente mentir na CPI da Câmara. Ao mesmo tempo, o governo federal sofre para equilibrar as contas públicas e a volta da CPMF poderia ajudar o Planalto a equalizar o caixa federal.

— A presidente mentiu quando fez seu pronunciamento à nação, e ela mentiu quando diz que seu governo e ela não autorizavam qualquer barganha. Ontem pela manhã, o deputado [André Moura (PSC-SE)] esteve com a presidente da República e quis vincular apoio dos deputados do PT à aprovação da CPMF. Isso foi feito com o deputado André Moura, que esteve com ela levado pelo ministro Jaques Wagner. A barganha veio, sim, proposta pelo governo, e eu me recusei a aceitar a barganha.


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Questionado por que não falou sobre isso ontem, quando anunciou a aceitação do pedido de impeachment, Cunha justificou dizendo que não falou "isso ontem, única e exclusivamente porque não tinha autorização do deputado".

— Ele me autorizou, eu estou falando. Quero dizer que a presidente mentiu, esse é o ponto fundamental. [...] Essa negociação estava feita à minha revelia. Eu não sabia da presença do deputado, nem sequer do conteúdo do diálogo. Simplesmente foi me trazida a proposta. E eu disse que não participaria disso.


Para Cunha, "só o fato de a presidente vir a público e mentir, é um fato muito grave". Em seguida, completou: "Não quero agredir a presidente". 

Ontem, Dilma disse em rede nacional: "Nos últimos tempos, em especial nos últimos dias, a imprensa noticiou que haveria interesse na barganha dos votos de membros da base governista no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Em troca, haveria o arquivamento dos pedidos de impeachment". 

— Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu País, bloqueiam a Justiça ou ofendam os princípios morais e éticos que devem governar a vida pública.

Questionado se havia se reunido com o ministro Jaques Wagner (Casa Civil), Cunha foi sucinto: "Prefiro não falar sobre o Jaques Wagner".

Após a leitura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo presidente da Câmara nesta quinta-feira (3), Cunha vai formar uma comissão especial para analisar o caso. Esse próximo passo está marcado para segunda-feira (7), às 18h. Em seguida, a presidente Dilma Rousseff poderá se defender.

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