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Relator diz que Cunha criou "laranja sofisticado chamado trust" e anuncia voto pela cassação do mandato

Peemedebista perderá cargo se 257 colegas votarem a favor do processo por quebra de decoro

Brasil|Do R7

Rogério foi o 1º a discursar na votação do processo contra Cunha
Rogério foi o 1º a discursar na votação do processo contra Cunha

Marcos Rogério (DEM-RO), deputado que relatou o processo por quebra de decoro parlamentar de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética, disse nesta segunda-feira (12) no plenário da Câmara que o ex-presidente da Casa criou uma "empresa de papel" e desenhou um "laranja sofisticado chamado trust" para usufruir de propina desviada de contratos da Petrobras e enviada para contas na Suíça.

A sessão foi retomada por volta das 20h20 após suspensão de 1 hora determinada pelo presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). O democrata encerrou sua fala com o anúncio de voto pela perda de mandato do peemedebista.

— Tem Eduardo Cunha conta no exterior? A resposta é sim. No caso concreto, uma simulação, uma empresa de papel, um laranja sofisticado chamado trust. E quem é o trust? No caso analisado, o próprio Eduardo Cunha. Ou seja, Eduardo Cunha era o instituidor, o administrador e o beneficiário dos trusts analisados. Não aparecem nos trusts o terceiro administrador. Eduardo Cunha era tudo. Contratante e contratado. Era ele que tinha o controle total da abertura ao fechamento das contas. Inclusive, era ele quem autorizada investimentos de risco.

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Para corroborar a sua tese, Rogério citou posicionamentos do Ministério Público da Suíça, o qual conformou que as contas situadas em bancos daquele país pertenciam ao peemedebista.

— A esposa do parlamentar também foi usada como laranja. O MP suíço informa que as contas bancárias são de Eduardo Cunha, não sendo possível acreditar que aquele órgão pudesse persegui-lo politicamente. [...] No processo disciplinar, há extratos bancários de vultosas transferências de José Henriques para a conta de Eduardo Cunha na Suíça com valor de 1,311 milhão de francos suíços.


Para o relator, Cunha tramou uma "engenharia financeira para mascarar as contas" no exterior e "mentiu e omitiu informações relevantes na Camara dos deputados e mentiu também sobre o recebimento de vantagens indevidas". Rogério classificou o processo de Cunha, que se arrastou por dez meses na Casa, de o "escândalo mais emblemático visto por esse Parlamento".

— Vimos durante o processo uma trama digna de roteiros policiais. [...] A criação de empresas de papel ou de laranjas de luxo para viabilizar o recebimento de propina e gastos no exterior serve para evidenciar as graves ofensas ao decoro e a ética parlamentar.

O próprio Eduardo Cunha fará sua defesa no plenário da Casa — ele já está presente no plenário. Para Cunha ter o mandato cassado, são necessários 257 votos — a maioria absoluta dos 513 deputados que fazem parte da Câmara.

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