Renan Calheiros propõe mudar lei da delação premiada em gravações, diz jornal
Conversas foram captadas pelo ex-presidente da Transpetro, que também gravou Romero Jucá
Brasil|Do R7
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado gravou conversas entre ele e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Nas conversas, antes do afastamento da presidente Dilma Rousseff, o parlamentar fala em mudar a lei da delação premiada. Os diálogos foram divulgados pelo jornal Folha de S.Paulo desta quarta-feira (25).
“Antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação e estabelece isso”, disse Calheiros. “Só pode fazer delação... Só pode solto, não pode preso. Isso é uma maneira e toda a sociedade compreende que isso é uma tortura”, completou.
Eles ainda falam de um “acordo” para que Dilma tirasse uma licença da presidência. "O Michel [Temer] assumiria e garantiria ela e o Lula, fazia um grande acordo", disse Machado. "A melhor solução para ela é um acordo que a turma topa", acrescentou o senador, em menção a uma mudança para o parlamentarismo.
As gravações custaram a Jucá o cargo de ministro do Planejamento. Ele foi exonerado na segunda-feira (23), após o material vir a público. O parlamentar foi pego falando em um “pacto” para frear a Operação Lava Jato.
Calheiros e Machado ainda manifestam preocupação com um possível acordo entre a Justiça e a construtora Odebrechet, que segundo o peemedebista, "vai mostrar as contas". Os dois se referiam, possivelmente, às contas de campanha da presidente Dilma.
O presidente do Senado ainda relata um encontro com o senador Aécio Neves (PSDB-MG). “Aécio está com medo. [Me procurou] 'Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa.'”, referindo-se à delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral. Calheiros se refere a ele como “o mais perigoso do mundo”.
Por meio de nota, o senador Renan Calheiros informou que as opiniões dele sempre "foram publicamente noticiadas pelos veículos de comunicação, como as críticas ao ex-presidente da Câmara dos Deputados, a possibilidade de alterar a lei de delações para, por exemplo, agravar as penas de delações não confirmadas e as notícias sobre delações de empreiteiras, todas foram, fartamente, veiculadas. A defesa pública de uma solução parlamentarista também foi registrada em vários artigos e colunas e o próprio STF pautou o julgamento do tema. O Senado, inclusive, pediu sua retirada da pauta".
Ele também acrescentou um pedido de desculpas ao senador Aécio Neves "porque se expressou inadequadamente". "Os diálogos não revelam, não indicam, nem sugerem qualquer menção ou tentativa de interferir na Lava Jato ou soluções anômalas. E não seria o caso porque nada vai interferir nas investigações", conclui.