Em um sinal dos problemas que a crise entre Poderes pode causar, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta terça-feira (25) esperar que "essas dificuldades" não atrapalhem o calendário de votações da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 241, que cria um teto para os gastos da União. — Já aprovamos esse calendário de tramitação, inclusive com data marcada. [...] Nós temos muitas dificuldades no Brasil, temos todos a preocupação de não deixá-las transbordar para uma crise institucional. Eu espero que essas dificuldades não atrapalhem o calendário que já aprovamos, inclusive com a oposição. Uma crise entre os Poderes foi deflagrada a partir da operação Métis, em que policiais legislativos foram presos pela Polícia Federal na semana passada. A fala do presidente da Casa reflete o temor do Palácio do Planalto de que a crise cresça a ponto de atrapalhar a votação das medidas de interesse no governo no Congresso. A PEC do teto chega nos próximos dias ao Senado e o calendário é apertado, prevendo a votação em segundo turno no dia 13 de dezembro, já próximo do recesso parlamentar.Presidente do Supremo rebate Renan: "Onde um juiz for destratado, eu também sou" Em sessão plenária nesta terça, a PEC foi aprovada em segundo turno por 359 votos a 116. O placar ficou abaixo da expectativa do governo, que calculava ter entre 370 e 380 votos. O presidente Michel Temer, a pedido de Renan, concordou em articular uma reunião entre os três Poderes justamente para tentar mitigar os riscos, mas a tentativa não se concretizou. Uma das peças-chave do encontro, a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia, disse que não pode comparecer por estar com a agenda cheia. A presidente do STF respondeu duramente a Renan nesta manhã, ao dizer que se sentia ofendida cada vez que um juiz era ofendido. Referia-se, sem citar o presidente do Senado, à fala de Renan, que chamou de "juizeco" o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília e responsável pela operação Métis. O presidente do Senado disse que Cármen Lúcia, ao defender o Judiciário, agiu como ele mesmo, que havia defendido o Legislativo. Mas cobrou uma "reprimenda" ao juiz. — Eu acho que faltou uma reprimenda ao juiz de primeira instância que usurpou a competência do STF. Porque toda vez que alguém de primeira instância usurpa a competência do Supremo quem paga a conta é o Legislativo. Respeitosamente, sinceramente, não dá para continuar assim.