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Salmonella não causa riscos a consumidor brasileiro, diz Ministério

Ministério da Agricultura participou das investigações da Polícia Federal para a Operação Trapaça, 3ª fase da Carne Fraca, deflagrada nesta segunda

Brasil|Diego Junqueira, do R7

BRF entrou na mira da PF em nova fase da Carne Fraca
BRF entrou na mira da PF em nova fase da Carne Fraca

O consumidor brasileiro não precisa ficar preocupado com a bactéria "salmonella" ao comer carne de frango, disse nesta segunda-feira (5) Alexandre Campos da Silva, coordenador-geral de inspeção do Dipoa (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal), órgão vinculado ao Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

A pasta atuou em conjunto com a Polícia Federal nas investigações da Operação Trapaça, 3ª fase da Carne Fraca, deflagrada hoje e que levou à prisão o ex-presidente da BRF (dona das marcas Sadia e Perdigão), Pedro de Andrade Faria, além de outras dez pessoas.

A gigante BRF, algumas de suas granjas fornecedoras e laboratórios de testes agiram em conluio, segundo as investigações, para burlar a fiscalização do Mapa e adulterar resultados de exames feitos em produtos vendidos ao exterior.

Em coletiva na sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), o coordenador de inspeção do Mapa explicou que a prevalência de salmonella no Brasil é mais alta do que em outros países e que até 20% dos produtos que circulam por aqui contêm a bactéria.


Frigoríficos são alvo da operação Carne Fraca desde 2017
Frigoríficos são alvo da operação Carne Fraca desde 2017

Em outros países, no entanto, a prevalência é mais baixa do que no Brasil, ou até nula, o que faz com que o controle do produto para exportação seja mais rígido. Apesar disso, ele garante que o resultado das investigações não levantam riscos para a saúde pública no Brasil.

— A presença de salmonella é esperada em 20% [dos produtos no Brasil]. Se você coleta 100 amostras, você tem em torno de 20% da presença de salmonella spp, o que não caracteriza risco [à saúde pública]. As resoluções da Anvisa determinam a forma de consumo, pelo cozimento ou fritura do produto.


A salmonella é permitida para comercialização no país até determinados níveis e não é nociva à saúde — desde que a carne seja cozida adequadamente. Porém, 12 países importadores têm exigência mais elevada em relação à presença da bactéria e exigem amostras sem nenhum traço da bactéria. Entre esses destinos estão União Europeia, China, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Rússia e África do Sul.

Segundo Campos da Silva, a diferença no nível de exigência é "comum" e se deve, em parte, à alta produção animal no Brasil.


— Temos um plantel avícola muito grande. É diferente se comparar Brasil com Dinamarca. É lógico que eles vão ter uma prevalência menor, até pela questão da produção.

O coordenador de inspeção do Mapa explicou ainda que, no ano passado, esses 12 destinos enviaram 410 notificações ao ministério por presença de salmonella em produtos brasileiros importados — 30% das notificações vieram de países europeus. Se um frigorífico é notificado dez vezes no período de seis meses, ele é impedido de exportar. Todas as fábricas, laboratórios e granjas envolvidas na investigação de hoje estão vetadas de vender ao mercado externo.

Salmonella destruída em altas temperaturas

Em nota, a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) esclareceu que não há riscos aos consumidor porque a "salmonella spp", alvo das investigações hoje, é destruída em altas temperaturas.

"Ao consumidor, é importante esclarecer: não há riscos! A investigação se relaciona com as análises de presença do grupo de Salmonella spp, que são destruídas durante o cozimento dos alimentos", informa a associação.

O Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento também comentou o assunto em nota em seu site:

"A presença da bactéria salmonela é comum, principalmente em carne de aves, pois faz parte da flora intestinal desses animais. No entanto, quando utilizados os procedimentos adequados de preparo minimizam os riscos no consumo da Salmonella, uma vez que a bactéria é destruída em altas temperaturas, como frituras e cozimento", diz o texto.

Outro lado

Em comunicado a acionistas e investidores, a BRF informa que "está se inteirando dos detalhes" e que segue "normas e regulamentos brasileiros e internacionais". As ações da empresa na Bolsa de Valores de São Paulo despencaram cerca de 19% nesta segunda. Veja o "comunicado ao mercado":

"BRF S.A. ("BRF" ou "Companhia") (B3: BRFS3; NYSE: BRFS) comunica aos seus acionistas e ao mercado em geral que, em relação à operação da Polícia Federal deflagrada nesta manhã, está se inteirando dos detalhes da referida operação e que está colaborando com as investigações para esclarecimento dos fatos. A Companhia segue as normas e regulamentos brasileiros e internacionais referentes à produção e comercialização de seus produtos, e há mais de 80 anos a BRF demonstra seus compromissos com a qualidade e segurança alimentar, os quais estão presentes em todas as suas operações no Brasil e no mundo. A Companhia reitera que permanece inteiramente à disposição das autoridades, mantendo total transparência na interlocução com seus clientes, consumidores, acionistas e o mercado em geral. São Paulo, 05 de março de 2018. Lorival Nogueira Luz Jr. Diretor Vice-Presidente de Finanças e Relações com Investidores".

Operação Carne Fraca

Na ação desta segunda-feira, chamada Operação Trapaça, agentes da PF cumpriram um total de 91 mandados judiciais nos Estados de Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo.

A investigação é uma continuação da ação deflagrada pela Polícia Federal em 17 de março de 2017, a Carne Fraca, que investigou esquemas de corrupção relacionando frigoríficos e a fiscalização agropecuária.

Na época, 21 plantas perderam a permissão para exportar e mais de 70 destinos bloquearam as exportações do Brasil. Apenas uma semana após a deflagração da operação, o setor de carnes calculou perdas de cerca de US$ 130 milhões.

"Devemos receber novos questionamentos de importadores e o Ministério (Agricultura) está pronto para responder", garantiu Campos hoje.

(com informações das agências Reuters e Estadão Conteúdo)

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