Seis em cada dez cidades do Nordeste têm baixa qualidade de vida, segundo pesquisa de órgão da ONU
Mais de mil cidades da região tem IDHM abaixo de 0,599. Norte possui 180 municípios com perfil
Brasil|Kamilla Dourado, do R7, em Brasília
Apesar da melhora da qualidade de vida do brasileiro nos últimos 20 anos, as cidades da região Nordeste ainda têm os menores índices de desenvolvimento humano do País, segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, divulgado pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), órgão da ONU (Organização das Nações Unidas), nesta segunda-feira (29).
De acordo com o levantamento, 1.099 cidades nordestinas — 61,3% do total — ainda estão no chamado grupo de baixo desenvolvimento humano. A maior parte das cidades nessas condições está nos Estados do Maranhão e Alagoas.
Na região Norte, 40% dos municípios têm índices de qualidade de vida dentro da linha de baixo desenvolvimento humano, somando 180 municípios. A região tem a cidade com a pior qualidade de vida do País — Melgaço, no Pará. Todos os Estados dessas regiões têm IDMH abaixo da média do Brasil.
Índice que mede qualidade de vida sobe 47% em 20 anos
Leia mais notícias de Brasil e Política
A pesquisa foi feita em parceria com o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e a Fundação João Pinheiro. Os dados são calculados com base nos censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo o pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marco Aurélio Costa, apesar do cenário, o Brasil avançou de forma consistente e conseguiu tirar a maioria das cidades da linha de desenvolvimento humano muito baixo.
— Agora só temos 32 municípios na faixa de desenvolvimento muito baixo. Em 1991, 85,5% dos municípios do País estavam nesta situação.
O estudo divulgado pelo PNUD calcula o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) de 5.565 municípios brasileiros. O índice varia de 0 a 1, quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano da cidade. Ao todo, foram analisados 180 indicadores de demografia nas áreas de saúde, educação, habitação, renda e inclusão no mercado de trabalho e vulnerabilidade. O IDHM é uma adaptação do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). O IDHM compara a qualidade de vida entre os municípios, enquanto o IDH compara o índice entre os países.
Alto Desenvolvimento Humano
Se, por um lado, as cidades em situação de risco somam 0,57% dos municípios brasileiros, por outro, não é alta a quantidade de municípios que fazem parte da faixa de Muito Alto Desenvolvimento Humano. Em 1991, nenhuma das mais de 5.500 cidades brasileiras conseguia ultrapassar essa linha. Em 2010, eram 44 cidades (0,8% dos municípios brasileiros). Nenhuma dessas cidades está nas regiões Norte e Nordeste.
As regiões Sul e Sudeste concentram a maior parte dos municípios com Alto Desenvolvimento Humano. São 769 cidades no Sul e 871 no Sudeste. Já no Centro-Oeste, a maioria das cidades (56,9%) está no grupo de Médio Desenvolvimento.
O Distrito Federal é a única unidade da federação na faixa de Muito Alto Desenvolvimento e com o IDHM mais alto do País. Os maiores índices de educação, renda e longevidade também estão na capital do País.