Senadores governistas admitem derrota e prometem questões de ordem para atrasar votação
Senadora Gleisi Hoffmann solicitou suspensão da votação; questão foi negada por Renan
Brasil|Mariana Londres, do R7, em Brasília
Os senadores governistas já admitem derrota na votação pela admissibilidade do impeachment no Senado Federal e prometem apresentar questões de ordem ao longo da sessão. Uma das questões de ordem pede a suspensão da sessão até que o ministro Teori Zavascki decida sobre o mandado de segurança impetrado ontem pela AGU para anular o processo.
A senadora Vanessa Grazziotin (PC do B- AM), uma das defensoras de Dilma, admitiu que os governistas dificilmente terão mais do que 24 votos, o que não será suficiente para barrar o processo. Para aprovar a admissibilidade são necessários 41 votos — metade mais um.
Já a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse não arriscar um placar, mas espera uma decisão favorável do ministro Teori Zavascki. A decisão de Teori é esperada para as 10h — nos bastidores, a informação é de que a sessão atrasou na expectativa de uma decisão da Justiça.
Para Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), esse é o dia mais triste da vida dela no Parlamento.
— Hoje é o dia mais triste da minha vida no Parlamento. Depois de passarmos pela ditadura, voltamos à eleição indireta. Vivemos momento sui generis na nossa democracia. Nunca vi o acusador sendo o próprio relator. É o que acontece hoje. Diferente de 1992, o impeachment não nasceu do movimento popular. Saiu da sede nacional de um partido político que perdeu as eleições, que pagou R$ 45 mil por ele.
Apesar de não arriscar placar, a senadora Gleisi Hoffmann admite que o processo seja aprovado nesta quarta no Senado.
— Uma possibilidade grande é essa mesmo. Mas temos aí uma segunda fase, que será ainda mais violenta. O Congresso está fazendo uma posição política. A régua que será usada para medir ela aqui hoje jamais será usada para medir outra pessoa.
Gleisi, que foi ministra da Casa Civil de Dilma Rousseff, falou de como Dilma está reagindo ao processo. Oficialmente, a agenda de Dilma tem despachos internos e Gleisi não soube dizer de onde a presidente irá acompanhar a votação.
— Ela sofre os abalos de um processo como esse, é natural, mas ela é forte. Ela tem uma tristeza uma indignação pelo processo, mas não por ser ela. Ela é a primeira presidente mulher. O que está sendo julgado aqui são questões orçamentárias que todos cometem, mas é uma régua única para medi-la.