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Setor promete aumentar 5 vezes malha do metrô de superfície nas grandes cidades brasileiras

No Rio de Janeiro, aconteceram 13 acidentes graves no BRT com vítimas em 11 meses

Brasil|Juca Guimarães, do R7

Este ano, foram mais de 30 feridos em acidentes com BRTs no Rio
Este ano, foram mais de 30 feridos em acidentes com BRTs no Rio Carlos Eduardo Cardoso/Carlos Eduardo Cardoso

Nos próximos anos, a malha do sistema de BRT (Bus Rapid Transit) no Brasil, também conhecido como metrô de superfície, deve crescer dos atuais 402,4 km para 2.185 km. São 80 projetos previstos, com 1.782,7 km de malha, sendo que 24 deles já estão em obras, segundo a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos).

Atualmente, o metrô de superfície é realidade em 24 cidades brasileiras. A cidade com a maior malha é o Rio de Janeiro com 125 km. Em São Paulo, são 12 km (na capital, no trecho entre o parque D.Pedro e o Sacomã). Após a conclusão da expansão da malha, mais 33 cidades grandes, de 19 Estados, terão BRT.

Para a região Nordeste, onde já tem BRT em Recife (PE) e Aracajú (SE), estão programados mais 26 sistemas na Bahia, em Alagoas, na Paraíba, no Rio Grande do Norte, no Maranhão e no Ceará.

A região com maior número de projetos de BRTs é a sudeste. Estão previstos mais 30 novos trechos na região. No Estado de São Paulo, vai ter BRT em Campinas (32,2 km), Jundiaí (4,3 km), São José dos Campos (51 km), Sorocaba (51,8 km) e Praia Grande (38,8 km). Na capital serão construídos mais três corredores de BRT com extensão total de 43 km.


Rio de Janeiro

O modelo de transporte público mais rápido foi um dos principais legados das obras olímpicas para o Rio de Janeiro, o primeiro sistema entrou em operação em 2012. Atualmente, são 125 km de extensão na cidade.


No plano de expansão do setor, estão previstos mais 12 corredores com 455,4 km para a capital e um outro de 9,3 km em Niterói.

Por outro lado, os acidentes relacionados aos BRTs, principalmente nos primeiros anos de operação, preocupam os especialistas. Nos últimos 11 meses, apenas no Rio, foram 32 feridos em 13 acidentes graves, três pessoas morreram. De acordo com o BRT, 95% dos acidentes são provocados por fatores externos, por exemplo, decorrentes de imprudência de pedestre e demais motoristas.


Leia a entrevista exclusiva com o professor Ricardo Bertin, coordenador Engenharia Civil da Escola Politécnica da PUC do Paraná, especialista em transporte coletivo.

R7:O Rio de Janeiro tem BRT desde 2012 e o Curitiba, o primeiro do país, completou 42 anos. No começo foram muito acidentes também em Curitiba?

Bertin: Sim, muitos acidentes ocorreram no início, em especial atropelamentos. Os pedestres não estavam acostumados com ônibus trafegando em canaletas exclusivas.

R7:O que pode ser feito para melhorar a segurança e evitar acidentes nas estações?

Bertin: Fiscalização e conscientização dos usuários.

R7:E dentro dos ônibus do BRT?

Bertin: O mesmo que nas estações, policiamento educativo e campanhas de conscientização. Acrescente-se a isto o intenso e regular treinamento dos motoristas.

R7: Falta um sistema mais efetivo de sinalização sobre as normas de segurança nos ônibus e nas estações?

Bertin: Pode ser que sim, mas acidentes acontecem a despeito da sinalização. Sinalizar sem fiscalizar e sem conscientizar não adianta, em minha opinião.

R7: O BRT é uma solução viável para o transporte coletivo nas grandes cidades?

Bertin: Sim, é uma das soluções de mobilidade mais adotadas no mundo.

R7: No caso dos motoristas, o que pode ser mudado no treinamento para evitar acidentes com os passageiros?

Bertin: Deve ser reforçado à exaustão que o motorista de transporte coletivo não é um motorista qualquer, porque sua carga são seres humanos que merecem cuidado e respeito. Deve também ser tratados os efeitos do trabalho exaustivo e repetitivo que estes motoristas estão sujeitos. Trocar de rotas é uma boa maneira de evitar a repetição. Prestar acompanhamento psicológico é outra necessidade.

R7:Os casos de acidentes no BRT do Rio estão acima do esperado para um sistema em fase inicial de implantação? 

Bertin: Na minha opinião, considerando o exemplo de Curitiba, os acidentes estão dentro do esperado. Há que se ter um pouco de paciência com a população para que se acostume ao novo modal de transporte público, sem deixar de focar nos pontos que já mencionei: sinalização, treinamento e conscientização.

Outro lado

A assessoria do Consórcio BRT do Rio de Janeiro informou que existem regras rígidas de segurança e que os motoristas contratados para trabalhar no sistema têm qualificação diferenciada. Enquanto no transporte público tradicional é exigida habilitação na categoria "D", os motoristas do BRT possuem habilitação na categoria "E".

Além disso, há um programa de treinamento específico para os motoristas do BRT no simulador de direção do Sest/Senat. Um motorista que seja aceito para trabalhar no BRT passa por esse curso e outros que são ministrados pelas empresas que compõem o Consórcio BRT.

O consórcio também informou que, nas estações com maior demanda, existem agentes que auxiliam no embarque dos passageiros. "O BRT Rio conta também com avisos sonoros nos carros que alertam para a distância entre o veículo e a plataforma. Há também nas estações alguns adesivos de orientações gerais aos passageiros", diz a nota do consórcio. 

De acordo com o BRT, quase a totalidade dos casos de acidentes de trânsito nos corredores do BRT (mais de 95%) é provocada por fatores externos: carros de passeio que avançam o sinal ou fazem conversões proibidas, invadindo a calha, pedestres que atravessam fora da faixa e sem respeitar o sinal.

Antes das instalações dos sistemas de BRT na cidade, foi feito o mapeamento das áreas de riscos. Outro ponto de atenção é a manutenção do sistema, que também é alvo de vandalismo. Somente no ano passado, o setor de infraestrutura teve 22 mil ordens de serviço para conserto de portas automáticas. Nesse mesmo período, ocorreram duas mil trocas de vidros fixos nas estações. Os gastos com vandalismo têm chegado a R$ 250 mil por mês.

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