Vice-líder do PMDB na Câmara, o deputado Carlos Marun (MS) negou nesta quarta-feira, (14) que tenha tratado com o presidente Michel Temer da denúncia que a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve encaminhar nos próximos dias. Segundo Marun, a relatoria da denúncia na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) não foi discutida na reunião de Temer com deputados mais cedo e o assunto só será debatido quando o pedido for formalizado.
— Tenho a mais absoluta convicção de que ela (denúncia) será derrotada. Salvo surgimento de fatos realmente graves e novos, não vejo se estabelecer uma denúncia forte contra o presidente da República.
Em entrevista no Salão Verde da Câmara, Marun disse que a base governista não pode "se dar ao luxo" de ficar "inerte" esperando a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e que o País precisa de estabilidade. O vice-líder afirmou que a prioridade é a retomada das articulações para a votação das reformas da Previdência, Política e Tributária, principalmente após a decisão do PSDB de manter-se na base aliada. "Eu nos vejo hoje mais fortes do que quando começou essa crise", declarou.
De acordo com Marun, antes da delação premiada dos executivos da JBS, o governo contabilizava aproximadamente 260 dos 308 votos necessários para aprovar a reforma previdenciária. O Palácio do Planalto ainda não tem os votos necessários, admitiu Marun, mas o ambiente estaria em processo de "reconstrução".
— Realmente perdemos tempo, mas penso que ganhamos votos (com os tucanos). É o momento de retomar a busca de votos para que possamos, ainda antes do recesso, votar aqui na Câmara.
O parlamentar destacou que a reforma da Previdência só será votada na Câmara após a aprovação no Senado da Reforma Trabalhista.
Marun insistiu que a Casa não pode se pautar por uma eventual denúncia de Janot.
— Até chegar a denúncia, ela não existe. Em chegando, nós rapidamente vamos analisá-la e tenho a mais absoluta certeza que não estarão ali presentes provas suficientes para recomendar o afastamento do presidente da República.
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Obstrução
O líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), avisou que a oposição manterá a obstrução na Casa e que a prioridade será a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das Eleições Diretas na CCJ.
— Vamos fazer de tudo para que não tenha votação no plenário.
Zarattini disse que não há clima para aprovação de reformas, lembrou que o governo já não tinha votos para aprovar a Previdência e que, nos próximos dias, a Casa deve ficar esvaziada por causa das festas juninas no Nordeste.
— Elas (reformas) vão ter de ser postergadas.
A única exceção, ponderou o líder do PT, é a aprovação da Reforma Política, que precisa ser votada até setembro para valer para o pleito de 2018.
O petista espera que Janot encaminhe na próxima semana a denúncia contra Temer, o que vai contribuir para a paralisação dos trabalhos devido à gravidade das delações. Ele prevê instabilidade na Casa, principalmente entre os governistas, que passam por pressão da base eleitoral.
— Isso sem dúvida nenhuma vai criar um grande debate na Casa e que vai levar a uma mudança de governo. Não é possível que um presidente da República, que cometeu um crime de corrupção na residência oficial do governo, possa continuar governando.