Torturado pela Ditadura Militar ainda bebê, filho de jornalista Dermi Azevedo morre em São Paulo
Carlos Alexandre Azevedo, espancado quando tinha quase dois anos, se suicidou com remédios
Brasil|Do R7
O MNDH (Movimento Nacional de Direitos Humanos) divulgou uma nota oficial nesta segunda-feira (18) para lamentar a morte de Carlos Alexandre Azevedo, filho do jornalista Dermi Azevedo, que foi torturado pela Ditadura Militar quando ainda era um bebê. Carlos Alexandre se suicidou na madrugada do último sábado (16).
A nota oficial diz que “a ditadura militar concluiu a morte de Carlos iniciada em tão tenra idade, este acontecimento entristece a todos nós, profundamente e fortalece nosso empenho na luta por Memória, Verdade e Justiça, de forma que a impunidade não continue se perpetuando”.
Ainda quando tinha um ano e oito meses em 1974 e era, portanto, um bebê, Carlos Alexandre Azevedo foi preso e torturado pela Ditadura Militar “no DEOPS paulista, pela "equipe" do delegado Sérgio Fleury, onde se encontrava preso com sua mãe”, explica Dermi Azevedo em comentário pela rede social Facebook.
Leia mais notícias de Brasil e Política
Vítimas da Ditadura deverão receber ajuda psicológica
Decisão que reconhece morte por tortura na Ditadura anima entidades
Dermi explica ainda em seu post na rede social que “Cacá, como carinhosamente o chamávamos, foi levado depois a São Bernardo do Campo, onde, em plena madrugada, os policiais derrubaram a porta e o jogaram no chão, tendo machucado a cabeça”.
— Nunca mais se recuperou. Como acontece com os crimes da ditadura de 1964/1985, o crime ficou impune. O suicídio é o limite de sua angústia.
Leia na íntegra a nota do MNDH
“É com pesar que o Movimento Nacional de Direitos Humanos - MNDH emite essa Nota de Solidariedade para com a família do jornalista e cientista político Dermi Azevedo, militante aguerrido dos ideais libertários e um dos construtores do MNDH, pela morte de seu filho Carlos Alexandre Azevedo, o qual foi preso e torturado durante a ditadura militar, com apenas um ano e oito meses e não conseguiu se restabelecer, o que culminou com sua morte.
Hoje a ditadura militar concluiu a morte de Carlos iniciada em tão tenra idade, este acontecimento entristece a todos nós, profundamente e fortalece nosso empenho na luta por Memória, Verdade e Justiça, de forma que a impunidade não continue se perpetuando.”
Veja o post do jornalista Dermi Azevedo na rede social Facebook
“Aos meus amigos e às minhas amigas, LUTO Meu coração sangra de dor. O meu filho mais velho, Carlos Alexandre Azevedo, suicidou-se na madrugada de hoje, com uma overdose de medicamentos. Com apenas um ano e oito meses de vida, ele foi preso e torturado, em 14 de janeiro de 1974, no DEOPS paulista, pela "equipe" do delegado Sérgio Fleury, onde se encontrava preso com sua mãe. Na mesma data, eu já estava preso no mesmo local. Cacá, como carinhosamente o chamávamos, foi levado depois a São Bernardo do Campo, onde, em plena madrugada, os policiais derrubaram a porta e o jogaram no chão, tendo machucado a cabeça. Nunca mais se recuperou. Como acontece com os crimes da ditadura de 1964/1985, o crime ficou impune. O suicídio é o limite de sua angústia.
Conclamo a todos e a todas as pessoas que orem por ele, por sua mãe Darcy e por seus irmãos Daniel, Estevao e Joana, para que a sua/nossa dor seja aliviada.
Tenho certeza de que Cacá encontra-se no paraíso, onde foi acolhido por Deus. O Senhor já deve ter-lhe confiado a tarefa de consertar alguns computadores do escritório do céu e certamente o agradecerá pela qualidade do serviço. Meu filhinho, você sofreu muito. Só Deus pode copiosamente banhar-te com a água purificadora da vida eterna.
Seu pai
Dermi”