Vice do Flamengo é alvo de mandado de prisão na Lava Jato
Flávio Godinho, braço-direito de Eike Batista no Grupo EBX, teria pago propina a Sergio Cabral
Brasil|Do R7
O vice-presidente de Planejamento do Flamengo, o advogado Flávio Godinho, é um dos alvos dos mandados de prisão da Operação Eficiência, da PF (Polícia Federal), que apura um esquema de corrupção e pagamento de propinas da ordem de US$ 100 milhões. Trata-se de um desdobramento da Lava Jato.
Braço-direito de Eike Batista, Godinho teria coordenado, ao lado do empresário Eike Batista, o pagamento de propina de US$ 16,5 milhões ao ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral (PMDB) por meio de uma conta no Panamá, de acordo com o MPF (Ministério Público Federal).
A Justiça Federal do Rio de Janeiro expediu 9 mandados de prisão, quatro de condução coercitiva e 22 de busca e apreensão. Além de Eike e Godinho, único preso até agora, também são procurados Álvaro Novis, Sérgio de Castro Oliveira, Thiago Aragão (Ancelmo Advogados) e Francisco Assis Neto.
Os outros três mandados de prisão miram Cabral e seus ex-assessores Carlos Miranda e o ex-secretário de governo Wilson Carlos, todos já presos pela Operação Calicute.
As conduções coercitivas miram Susana Neves, ex-mulher de Sergio Cabral, e Maurício Cabral, irmão do ex-governador; Eduardo Plass (TAG Bank e gestora de recursos Opus); e de Luiz Arthur Andrade Correia, preso na 34ª fase da Lava Jato, em setembro de 2016. As apreensões ocorrem em endereços residenciais ou comerciais de Susana Neves, Maurício Cabral e dos seis presos sem mandado anterior.
Acusação
De acordo com o MPF, Eike e Godinho, do Grupo EBX, usaram a conta Golden Rock no TAG Bank, no Panamá, para o pagamento de propina de US$ 16,5 milhões ao ex-governador Sergio Cabral. Esse valor foi solicitado por Cabral a Eike em 2010.
Para dar aparência de legalidade à operação, em 2011, foi fechado um contrato de fachada entre a empresa Centennial Asset Mining Fuind Llc, holding de Batista, e a empresa Arcadia Associados, por uma falsa intermediação na compra e venda de uma mina de ouro.
A Arcadia recebeu os valores ilícitos numa conta no Uruguai, em nome de terceiros mas à disposição de Sérgio Cabral, informou o MPF.
Eike Batista, Godinho e Cabral também são suspeitos de terem cometido atos de obstrução da investigação, porque numa busca e apreensão em endereço vinculado a Batista em 2015 foram apreendidos extratos que comprovavam a transferência dos valores ilícitos da conta Golden Rock para a empresa Arcádia.
Na oportunidade, os três investigados orientaram os donos da Arcadia a manterem perante as autoridades a versão de que o contrato de intermediação seria verdadeiro.
Os procuradores responsáveis pela Operação Eficiência alertam que, "de maneira sofisticada e reiterada, Eike Batista utiliza a simulação de negócios jurídicos para o pagamento e posterior ocultação de valores ilícitos, o que comprova a necessidade da sua prisão para a garantia da ordem pública".