Votação de impeachment de Dilma será diferente de processo contra ex-presidente Collor
Por decisão de Cunha, ordem da votação do impeachment será por Estado, começando pela região Sul
Brasil|Mariana Londres, do R7, em Brasilia
A votação da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, marcada para o próximo domingo (17) no plenário da Câmara dos Deputados, será por região, começando pela região sul, e não por ordem alfabética, como foi a votação do processo contra o ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Em decisão publicada nesta quarta-feira (13), a presidência da Câmara explica que a mudança decorre de uma alteração do Regimento da Casa, ocorrida ainda em 1992.
No caso Collor, o Regimento estipulava votação secreta, mas uma alteração feita pelo presidente da Câmara à época, deputado Ibsen Pinheiro, tornou a votação aberta e por ordem alfabética.
Logo após o afastamento de Collor, a resolução 22, de 1992, alterou o artigo e incluiu mudanças no processo de votação para os casos de crime comum e de responsabilidade contra o presidente da República.
Na decisão desta quarta (13), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) justifica que a decisão do STF sobre o rito do impeachment não contemplou essa questão da votação por ser um procedimento interno da Câmara.
Explica ainda que, na última votação em que foi adotada a votação por Estado, ela aconteceu começando pelo Norte, e portanto agora será pelo Sul. Dentro dos Estados, a chamada será por ordem alfabética.
A chamada, portanto, será nominal. Deputados irão até o microfone onde terão 10 segundos para votar. Acredita-se que usem esse tempo para justificar seus votos. A Câmara espera que o tempo seja respeitado, mas os microfones não serão cortados. Deputados ausentes serão chamados uma segunda vez ao final da votação.
Corre nos bastidores a informação de que o presidente da Câmara Eduardo Cunha tinha uma preferência da votação por Estado começando pelo Sul porque isso geraria uma "onda pró-impeachment", já que deputados do sul tem uma tendência menos governista. Líderes petistas já anunciaram que irão ao STF para pedir que a ordem de votação seja alfabética.