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PIB mostra que economia apenas se normalizou, dizem especialistas

Economistas dizem que alta de 4,6% deve ser entendida como recuperação após queda brusca de 2020

Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília

PIB cresceu 4,6%
PIB cresceu 4,6% PIB cresceu 4,6%

O crescimento de 4,6% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2021 deixou o governo otimista, mas a avaliação de economistas é que o resultado do ano passado não mudou o patamar da economia nacional de forma significativa. Segundo especialistas ouvidos pelo R7, a alta foi importante para aliviar as perdas registradas em 2020, quando o PIB caiu 3,9%, mas não é um indicativo de que o mesmo resultado se repetirá neste ano.

Para o professor de economia da FGV (Fundação Getulio Vargas) Alberto Ajzental, o crescimento registrado em 2021 não foi tão expressivo porque a alta foi em relação a um ano em que a economia brasileira teve a maior queda da história, de acordo com o IBGE. Dessa forma, o economista diz que o desempenho do PIB do ano passado deve ser entendido mais como uma recuperação do que uma expansão.

Segundo o especialista, o Brasil voltou ao patamar pré-pandemia da Covid-19. Ele lembra que, entre 2017 e 2019, a economia não cresceu nem 2% ao ano, tendo registrado altas inexpressivas de 1,3%, 1,8% e 1,2%. Com o tombo histórico de 2020, o resultado obtido em 2021, portanto, apenas arrefeceu o que foi perdido.

“A gente estava andando em uma superfície plana e caímos em um buraco. Agora, saímos do buraco e voltamos a andar no plano. Estamos melhor porque nos levantamos da queda, mas continuamos no mesmo nível”, observa Ajzental.

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O professor acredita que, em 2022, dificilmente a economia do Brasil terá uma alta impactante. Segundo os números do IBGE, de 2011 até 2021, o PIB cresceu, em média, apenas 0,7%. Portanto, de acordo com Ajzental, a tendência é de que o país ou tenha uma expansão tímida ou mais um ano negativo.

“De acordo com o último boletim Focus [do Banco Central], a previsão de crescimento para esse ano é de 0,3%. Ou seja, o país continuará andando no plano e não vai subir nem um degrau”, destaca o economista. Ele alerta, contudo, que as projeções devem ser revistas daqui em diante, sobretudo por causa do conflito entre Rússia e Ucrânia.

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“A previsão é que piore. Aquilo que se achou que ia ser revertido com o controle da pandemia, agora vai ser afetado pela guerra. Essa situação ruim de inflação alta, juros altos, carestia e perda de renda vai continuar por mais tempo”, alerta.

“Estamos estagnados, e não é de hoje. Nosso país tem instituições antigas e arcaicas, e é complicado trabalhar aqui, pois o ambiente de negócios é ruim, com muitos benefícios para poucos. Não há nada no horizonte que mostre o que vai mudar. Não tem como ter resultados melhores se não mudar a fórmula”, acrescenta.

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Oscilações de 2021 devem se repetir

Analisando cada um dos trimestres do ano passado, o PIB nacional oscilou e teve um desempenho de pouca relevância. De janeiro a março, houve alta de 1,4%. Nos dois trimestres seguintes, a economia caiu 0,3% e 0,1%, respectivamente. De outubro a dezembro houve expansão, mas de apenas 0,5%.

Diante desse retrospecto, o economista Claudio Considera, pesquisador associado do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV, diz que pouca coisa vai mudar em 2022.

“Foi bom ter crescido em 2021, mas isso não quer dizer que teremos um bom resultado neste ano. Não vemos nenhuma política concreta com direção ao crescimento há algum tempo. Desde que saímos da recessão de 2014 a 2016, não fomos capazes de retomar o PIB registrado antes desse período.”

Considera também cita a guerra na Ucrânia como um fator de preocupação. “Vamos sofrer com o nosso comércio exterior, já que algumas importações da Rússia não devem ser liberadas por conta das sanções. Na parte de combustíveis, também seremos afetados. O barril de petróleo já passou da marca de 100 dólares. Isso mexe com as perspectivas da nossa economia”, diz.

Na avaliação do economista, o avanço na agenda de reformas e privatizações pode mudar o cenário. “Precisamos das reformas tributária, administrativa e fiscal. Muito do que foi prometido ainda não foi feito. Estamos com privatizações e concessões paradas. Isso poderia ajudar o governo a receber mais recursos, e certamente teríamos resultados diferentes”, opina.

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