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Veja quanto ganha o chefe da Abin, cargo ocupado por Ramagem durante ações da 'agência paralela'

Diretor-geral do órgão é escolhido pelo presidente da República; agência foi alvo de operação da PF na quinta (25)

Brasília|Do R7, em Brasília, com informações da Agência Estado

Legislação não exige que chefe seja do ramo investigativo
Legislação não exige que chefe seja do ramo investigativo Legislação não exige que chefe seja do ramo investigativo (Antonio Cruz/Agência Brasil - 02.03.2023)

Alvo de uma operação da Polícia Federal na quinta-feira (25), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) tem cargos de carreira com salários de até R$ 25.718,98. A ação da PF apura suspeita de espionagem ilegal contra nomes considerados rivais do ex-presidente Jair Bolsonaro, durante a gestão do hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). 

O diretor-geral do órgão é escolhido pelo presidente da República, com remuneração mensal de R$ 18.887,14. Ramagem, que comandou a Abin de julho de 2019 a março de 2022, era delegado federal, assim como o atual chefe, Luiz Fernando Corrêa, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em maio do ano passado.

O foco da operação da PF está na gestão de Ramagem, que, de acordo com a investigação, teria montado uma "estrutura paralela" na Abin e tentado associar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) ao PCC. Ramagem nega tal estrutura e diz que a investigação é "uma salada de narrativas".

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A apuração da PF mostrou que integrantes da direção atual tentaram dificultar a apuração do sistema ilegal de espionagem e podem ter agido em "conluio" com os servidores investigados pela operação de quinta (25). Em nota, a Abin afirma ser a "maior interessada" e defende "apuração rigorosa" dos fatos.

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Luiz Fernando Corrêa foi indicado por Lula em maio do ano passado e teve o nome aprovado na Comissão de Relações Exteriores (CRE) e no plenário do Senado. Ele recebe a maior gratificação entre os cargos comissionados do Executivo federal.

A legislação brasileira não exige que o indicado para comandar a Abin seja do ramo investigativo, porém, é costume dos chefes do Executivo apontar nomes da PF ou da própria agência para gerenciar o órgão. Outros cargos de direção também não exigem vínculo ativo com atividades policiais. As funções de carreira, por sua vez, exigem aprovação em concurso público.

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Cargo mais alto tem salário de R$ 25,7 mil

De acordo com um relatório de dezembro dos Dados Abertos da Presidência da República, a Abin conta com 732 oficiais de inteligência — função com melhor remuneração no órgão. Os salários variam entre R$ 16.690,89 e R$ 25.718,98 de acordo com a experiência do servidor.

Para exercer o cargo, é necessário ter ensino superior e ser aprovado em concurso público. Segundo o regulamento da Abin, os oficiais de inteligência são os responsáveis por manusear plataformas de vigilância e de proteção à segurança nacional.

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A Abin também conta com 59 agentes de inteligência, encarregados de prestar suporte aos oficiais técnicos. As remunerações para esse cargo variam entre R$ 6.869,43 e R$ 11.805,13. Assim como os oficiais, a função exige nomeação por concurso público.

Entenda a operação que investiga espionagens ilegais na Abin

A PF cumpriu, na quinta (25), 21 mandados de busca e apreensão em endereços ligados a suspeitos de aparelhar a Abin para espionar ilegalmente opositores do governo Bolsonaro. Um dos alvos foi o ex-diretor da Abin, deputado federal Alexandre Ramagem, que é pré-candidato à prefeitura do Rio com o apoio de Bolsonaro.

Segundo a investigação, durante o período em que Ramagem comandou a Abin, servidores usaram indevidamente um sistema israelense de espionagem chamado "FirstMile". O software é capaz de detectar um indivíduo com base na localização de aparelhos que usam as redes 2G, 3G e 4G.

Em outubro do ano passado, durante a primeira fase da operação, a PF identificou que o FirstMile foi utilizado pela Abin em 33 mil monitoramentos ilegais. Dos usos, 1.800 foram destinados à espionagem de políticos, jornalistas, advogados, ministros do STF e adversários do governo do ex-presidente.

Outro alvo da PF foi Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho que na Abin de Ramagem foi secretário de Planejamento e Gestão e chefe de Inteligência. Em outubro, ele foi nomeado pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, ao cargo de coordenador da Diretoria-Executiva da Polícia Federal (PF). Nessa sexta-feira (26), porém, ele foi exonerado da pasta.

"O grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal", diz um comunicado da PF. 

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