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Após briga na justiça brasileira, Kia Motors anuncia mega fábrica no México para produzir compactos

Montadora investirá US$ 1 bilhão e deve produzir as novas gerações de Cerato e Sportage

Carros|Do R7

Considerado compacto na América do Norte, Kia Cerato é um dos modelos cotados para ganhar produção mexicana
Considerado compacto na América do Norte, Kia Cerato é um dos modelos cotados para ganhar produção mexicana

A Kia Motors assinou na última quinta-feira (28) um acordo bilionário com o governo do México para a construção de uma fábrica de grande porte com tecnologia de ponta em Monterrey, município do estado de Nuevo León. O parque industrial começa a ser construído em setembro, com início das operações previsto para o fim de 2016. A unidade receberá cerca de R$ 2,2 bilhões (US$ 1,2 bilhão) em investimentos para produzir 300 mil veículos por ano.

Por enquanto, a Kia não revela que modelos serão produzidos na fábrica mexicana. Os mais cotados são o sedã Cerato e o crossover Sportage, que compartilham a mesma plataforma, além de muitos componentes. A escolha por estes dois modelos é estratégica, uma vez que a produção mexicana abastecerá Canadá, Estados Unidos e também os mercados da América Latina, entre eles o brasileiro. Atualmente, a dupla é importada da Coreia do Sul.

Imbróglio judicial brecou fábrica brasileira

Faz alguns anos que o presidente da Kia Motors do Brasil, José Luiz Gandini, sinalizou a intenção de erguer uma fábrica da marca no País. Especulações sobre a possível unidade nacional aumentaram em setembro de 2013, quando a justiça brasileira liberou a empresa sul-coreana de uma dívida bilionária herdada da extinta Asia Motors, na década de 1990. Até então, a montadora estava impedida de construir uma unidade de produção no País.


Como em grande parte dos processos judiciais, a demora por uma definição fez a direção da Kia estudar novas possibilidades, especialmente após o governo brasileiro sobretaxar os carros importados com 30 pontos percentuais a mais no IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados). O aumento da alíquota, válido apenas para modelos vindos de fora do eixo Mercosul-México, fez os negócios da filial brasileira despencarem.

Vendas encolheram espantosamente


Atualmente, a Kia do Brasil possui uma cota modesta de 4.800 unidades livres do "super IPI". Isso explica, por exemplo, a forte queda nas vendas de modelos que, antes do aumento no imposto, vendiam muito — casos de Cerato, Sportage e do crossover Soul — este último relançado em agosto. Os números deixam ainda mais explícito o declínio: a montadora emplacou 77.193 veículos em 2011, total que passou a 29.135 unidades em 2013.

A solução para voltar a crescer seria justamente a fábrica local, que incluiria a Kia no grupo das montadoras instaladas no País, que gozam de benfícios fiscais e participam do programa Inovar-Auto, lançado em 2011. A fábrica mexicana era a segunda possibilidade, uma vez que o Brasil mantém acordo comercial com o país. O único ônus para a fabricante é o regime de cotas estabelecido também em 2011, que limita o volume isento de taxas.


Asia Motors e o calote coreano

O processo que complicou os negócios da Kia Motors no Brasil durou mais de uma década para ser resolvido. Em 1996, a Asia Motors formalizou um projeto de construção de fábrica em Camaçari (Bahia), para a nacionalização dos utilitários Towner e Topic, que eram sucesso de vendas. A manobra concedeu benefícios fiscais, mas nos anos seguintes uma crise levou a empresa à falência, tendo 100% dos papéis adquiridos pela Kia em 1999.

Como a fábrica nunca saiu do papel, a justiça brasileira entrendeu que, ao arrematar as ações da Asia, a Kia Motors deveria ser responsabilizada pela dívida estimada em R$ 1,7 bilhão. Como jamais exerceu controle das operações da filial brasileira da Asia, a Kia, então, inciou uma luta na justiça brasileira para provar que não tinha responsabilidade pela dívida. Por conta disso, a empresa estava desde 2001 impedida de construir fábrica no País.

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