Esqueça tudo o que você sabe sobre o Toyota Corolla. (Quer dizer, nem tudo!) Chega às lojas braseileiras nesta sexta-feira (14) a 11ª geração do sedã médio mais desejado da última década. Por anos seguidos o modelo foi o mais vendido da categoria, sempre apoiado na tal confiabilidade — é famoso por não "quebrar". Ao mesmo tempo, o Corolla sempre foi extremamente conservador em estilo e acabamento. E é isso que mudou para valer.
Este novo Corolla quebra alguns paradigmas dentro da linha de sucessão do sedã. Normalmente eram preservadas características de design e ajustes mecânicos a cada troca de geração. A suspensão, por exemplo, sempre foi conhecida por sua maciez e leveza, e o interior pelo silêncio e um excepcional isolamento acústico. Pois saibam que a nova geração mudou tudo. Desde o design ao comportamento dinâmico, temos um Corolla diferente.
E a maioria dos aspectos mudou para melhor, o que ameaça desde já a liderança do arquirrival Honda Civic — o carro a ser batido, segundo os próprios executivos da Toyota. Para tanto, a nova geração apostará em um ponto que sempre foi alheio ao Corolla: a emoção. Diferente das outras gerações, o novo Corolla deixa de vez a caretice de lado para ser mais jovem e empolgante. O estilo do interior está moderno e a condução, mais dinâmica.
Não se surpreenda se você, dono de um Corolla ou apreciador e conhecedor do modelo, estranhar seu comportamento nas ruas. A suspensão está sensivelmente mais rígida e lembra o comportamento do... Civic! Essa mudança veio do crescimento da carroceria (razoavelmente maior que a anterior) e do próprio chassi, que passa a usar aços de alta resistência — para aumentar o nível de segurança e o equilíbrio nas manobras.
Japonês emocional
Outra mudança importante no novo Corolla é a direção com assistência elétrica progressiva. O sistema tem respostas bem mais diretas aos movimentos do volante, entregando a pitada de esportividade que nem a antiga versão XRS entregava. Em movimento, a suspensão mais durinha combinada à direção elétrica deixaram o sedã da Toyota bem mais divertido, preciso e interativo. E agora com um conjunto mecânico condizente.
Antes equipado com um câmbio automático de quatro velocidades oriundo dos anos 90, o Corolla enfim chega ao século 21 com a novíssima e moderna transmissão Multidrive. Esta é do tipo CVT (continuamente variável), mas simula sete marchas e oferece modo sequencial com trocas manuais. Durante o test drive no lançamento do modelo, em Campinas (SP), o novo câmbio foi uma das mais belas surpresas, com trocas rápidas e ótimo escalonamento.
Neste primeiro contato, experimentamos a versão topo de linha Altis (R$ 92.990). Nela, a transmissão Multidrive tem borboletas no volante e função Sport (S), acionada por um botão próximo à alavanca, no console. Obviamente, não é certo afirmar que o Corolla agora é um sedã esportivo, mas a nova transmissão finalmente deu ao modelo um temperamento mais viril, com acelerações e retomadas empolgantes — o "casamento" com o motor 2.0 é perfeito.
Falando nele, embora o Corolla seja outro carro, os motores 1.8 e 2.0 foram mantidos. A única mudança importante foi a introdução do sistema de pré-aquecimento do combustível para a partida em dias mais frios — no caso, o etanol. A solução, já presente em outros modelos da categoria, elimina o tanquinho auxiliar de gasolina. No mais, não houve alteração de desempenho. E com o câmbio Multidrive, o Corolla obteve nota A de consumo no Inmetro.
Público cativo
Para superar o Civic nas vendas, o novo Corolla terá também a seu favor o espaço interno. Agora com 2,70 metros de distância entre-eixos, o interior está razoavelmente maior e o espaço no banco traseiro promete ser decisivo (dá até para cruzar as pernas!). Mas vale lembrar que a nova geração está mais durinha, e isso afetou o isolamento acústico, deixando a cabine ligeiramente mais ruidosa — ouve-se mais barulho do contato do pneu com o asfalto.
Já em termos de estilo e acabamento, o Corolla dá um salto qualitativo grande, muito embora siga sendo extremamente racional nos detalhes. Há plásticos duros por toda cabine, mas os arremates estão mais joviais, modernos e elegantes. Além disso, enfim o painel foi desenhado para receber uma central multimídia. Esta inclui uma tela de 6,1 polegadas sensível ao toque ao centro, com ampla conectividade e recursos inéditos no sedã.
O sistema foi aproveitado do antigo Corolla, mas passa a oferecer leitor de DVD e a desejada função TV digital — hiper bem-vinda em ano de Copa do Mundo. Além desses dois recursos, há Bluetooth, conexões auxiliar e USB, navegador por GPS e a tela ainda reproduz as imagens da câmera de ré para auxiliar nas manobras. O item será oferecido nas versões intermediária XEi e na top Altis — os Corollas GLi terão rádio mais modesto.
Outra novidade restrita às versões mais caras são os leds diurnos nos faróis — são quatro pontos luminosos. No caso, a iluminação mais moderna vem apenas no Corolla Altis, junto com as luzes de leds nos faróis baixos, item inédito em carros nacionais. O modelo mais caro traz ainda chave presencial, que permite a abertura e o travamento das portas ao simples toque nas maçanetas e partida do motor por meio de botão no painel.
Razão "salgada"
Traçar um paralelo entre o novo e o velho Corolla ficou mais difícil, mas há uma paridade nos dois modelos: o preço alto. Apesar de ser racional e simples em vários aspectos, o Corolla seguirá sustentado por uma fama de carro bom que dá ao modelo a possibilidade de ser mais lucrativo. Exemplo: esta nova geração tem suspensão traseira por eixo de torção, formato mais presente em compactos. Boa parte dos rivais tem braços mútiplos no eixo traseiro.
Outro ponto interessante é a ausência de determinados itens na lista de equipamentos. Não há controle de estabilidade, teto solar, ar de duas zonas ou monitor de ponto-cego nos retrovisores, recursos presentes em vários dos concorrentes. O novo Ford Focus, por exemplo, custa muito menos na versão top (R$ 81.990), tem motor bem mais potente (2.0 flex de 178 cv) e traz até sistema que estaciona o carro sozinho.
Mas estamos falando de Corolla, para quê tanta ousadia?
A Toyota segue apoiada na fidelização da clientela e não vê problemas na ausência destas e de outras tecnologias. Na percepção dos executivos da marca, o novo Corolla está perfeito e será o campeão de vendas dentro em breve. Não dá para negar que o modelo evoluiu como nunca em sua história. Mas digamos que o sedã japonês é uma excessão. Sua imagem elitizada no Brasil é quase única no mundo — lá fora, o carrão da Toyota é o Camry.
PREÇOS E VERSÕES
Corolla GLi 1.8 Dual VVT-i flex Manual — R$ 66.570
Corolla GLi 1.8 Dual VVT-i flex Multidrive — R$ 69.990
Corolla XEi 2.0 Dual VVT-i flex Multidrive S — R$ 79.990
Corolla Altis 2.0 Dual VVT-i flex Multidrive S — R$ 92.990
FICHA TÉCNICA
Toyota Corolla Altis 2.0 flex Multidrive S
Motor: 2.0 16V Dual VVT-i flex com sistema de pré-aquecimento (Subtankless)
Potência: 143 cv (G) e 154 cv (E)
Torque: 19,4 kgfm (G) a 4.000 rpm e 20,3 kgfm (E) a 4.800 rpm
Câmbio: Automático CVT com simulação de sete marchas e modos sequencial e Sport
Direção: Assistência elétrica progressiva
Suspensão: Independente McPherson (dianteira), eixo de torção (traseira)
Rodas e pneus: 205/55 R16
Dimensões: 4,62 m (comprimento), 1,77 m (largura), 1,47 m (altura), 2,70 m (entre-eixos)
Porta-malas: 470 litros
Tanque de combustível: 60 litros
Principais itens de série: ar-condicionado automático, direção com assistência elétrica, freios com discos ventilados e sistemas ABS e EBD (antitravamento e distribuição de frenagem), sete airbags (duplos frontais, laterais dianteiros, de cortina e para os joelhos do motorista), chave presencial com partida do motor por botão, central multimídia com tela de 6,1 polegadas, DVD, GPS, Bluetooth, entradas auxiliar e USB e função TV digital, câmera de ré, revestimento em couro nos bancos, vidros elétricos com acionamento por um toque e função antiesmagamento nas quatro portas, sistema Isofix para acoplamento de cadeirinhas infantis, volante multifuncional com comandos e borboleta para trocas manuais de marcha, rodas de liga leve aro 16, controle de cruzeiro, retrovisor interno eletrocrômico, computador de bordo com sete funções e monitor de economia (Eco Meter).
*(G) Gasolina, (E) Etanol
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