Ataques mudam rotina da população em SC
Moadores e comerciantes já se preocupam com reflexos da violência no movimento em Florianópolis
Cidades|Do R7
A série de atentados dos últimos dias em Santa Catarina tirou a população de Florianópolis de sua rotina. Pequenos comerciantes, principalmente donos de bares noturnos, apesar de negarem toque de recolher, fecharam as portas mais cedo na terça-feira(13). O clima ainda é de apreensão e medo.
Moradores que pediram para não ser identificados, principalmente do zona norte de Florianópolis, região mais afetada pelos ataques, temem que a situação fuja do controle. Uma moradora do bairro Ingleses, que preferiu não se identificar, desabafa:
— Moro aqui há mais de 20 anos e nunca vi nada parecido nem na época em que eu morava em São Paulo.
Moradores e comerciantes já se preocupam com os reflexos da onda de violência no movimento da cidade, principalmente às vésperas de um feriado prolongado. A situação também pode interferir na temporada de verão em Santa Catarina. O Estado recebe cinco milhões de turistas por ano. Por enquanto, não há registro de cancelamento de reservas em hotéis ou pousadas de Florianópolis.
Milhares de passageiros que utilizam o transporte coletivo em Florianópolis deixaram de tomar o ônibus nesta quarta-feira (14) com medo de novos ataques, após a onda de violência no Estado. A polícia de Santa Catarina prendeu 36 suspeitos, entre eles 15 adolescentes, envolvidos em ataques em diversas cidades ocorridos desde a noite de terça-feira. Vinte e dois crimes, como incêndios a ônibus, atentados a uma delegacia e a um presídio, ocorreram entre as 18h de terça-feira (13), e as 6h desta quarta-feira. Os números são da Diretoria de Informação e Inteligência (Dini) da Secretaria de Segurança Pública.
De acordo com a empresa de transporte coletivo Canasvieiras,o prejuízo apenas com dois coletivos incendiados - um na segunda-feira (12), outro na terça-feira (13) - ultrapassa R$ 600.000. Os ônibus não possuíam seguro.
Policiais militares passaram o dia vigiando terminais de integração nos bairros da Trindade e de Santo Antônio de Lisboa para evitar ataques em locais de grande concentração de ônibus e de pessoas.
Se a situação é complicada para a população, também é nova para os policiais catarinenses que poucas vezes são obrigados a enfrentar esse tipo de violência no Estado. Alguns profissionais já atuam sem descanso há mais de 80 horas.
Na 2º Distrito Policial, no bairro do Saco dos Limões, uma viatura da polícia civil foi parcialmente incendiada na noite de segunda-feira (12). No dia seguinte, bandidos avisaram por telefone novos atentados. Na noite de terça-feira (13), um veículo com quatro bandidos armados passou pela rua do DP em alta velocidade disparando contra a delegacia.
Houve troca de tiros com os policiais, mas ninguém foi preso. Outras ameaças por telefone foram feitas na tarde desta quarta-feira, prometendo novos ataques para a noite. Uma equipe do Departamento Estadual de Investigações Criminais DEIC passou a fazer plantão no DP durante a tarde.
Vídeo
Um vídeo gravado dentro do presídio de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, foi divulgado no fim da tarde desta quarta-feira pela televisão local. Nele, os presos Rodinei do Prado e Adílio Ferreira, conhecido como Cartucho, agradecem os comparsas pelo "apoio e empenho em prol da facção". Em outro trecho, Rodinei informa detalhes de um assalto a um supermercado e sobre a chegada de drogas e armas vindas "de um contato bom lá de cima".
Para o presidente da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol) em Santa Catarina, Renato Hendges, criminosos paulistas estariam ordenando bandidos de Santa Catarina a cometerem os crimes no Estado.