Feminicídio aumenta 37,5% em Cuiabá e Várzea Grande
Gazeta Digital|Do R7
Casos de feminicídios aumentaram 37,5% em um ano na região metropolitana de Cuiabá e Várzea Grande. De acordo com os dados da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), 17 mulheres foram assassinadas, em 2018, sendo 11 desses casos enquadradas na lei do feminicídio, quando a motivação envolvem menosprezo ou discriminação à condição de mulher e violência doméstica e familiar, conforme previsto na Lei nº 13.104.
Em 2017, foram registradas mortes de 16 mulheres, dos quais 8 foram tipificados como feminicídios.
Segundo o delegado titular da DHPP, André Renato Gonçalves, todos os crimes tiveram os autores identificados, alguns deles presos por mandados de prisão ou em flagrante. Conforme os dados dos últimos 3 anos, o aumento do crime de feminicídio chegou ao percentual de 183,33%. Isso porque em 2015 um total de 35 mulheres foram mortas, sendo 6 casos tipificados como feminicídios.
A presidente do Conselho Estadual do Direito da Mulher, Gláucia Amaral, considera que o Brasil está passando por uma pandemia de violência doméstica e atribui a “doença” a desigualdade de direitos entre homens e mulheres, seja por dependência psicológica, financeira ou familiar. “É necessário trabalhar o fim do machismo, a igualdade de direitos e fazer uma educação cultural”, disse em entrevista ao #GD.
Como forma de prevenir e evitar casos de violência doméstica, em que o ciclo final resulta no feminicídio, Amaral explica que a mulher deve primeiro se identificar dentro do ciclo de violência, podendo ser física, psicológica ou patrimonial. “A mulher não pode admitir sequer o desrespeito, que já é a violência psicológica. O que protege a vítima é a auto-estima, saber o que ela não deve aceitar nenhum tapa”, diz.
Também descaracterizando o dito popular que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, Gláucia afirma que as pessoas em volta dessa vítima podem ajudá-la. “A mulher que apanha e não sai da relação, ela está em algum tipo de dependência, por falta de apoio familiar, amigos e temer opinião social ou ainda por dependência financeira”, pontua.
Para denunciar casos de violência doméstica basta acionar o 190 e informar a situação e o endereço. Tudo isso de forma anônima, sem se identificar. Agora, se a vítima está se sentindo acuada, passou por algum tipo de agressão ela deve procurar uma delegacia de polícia e registrar o boletim de ocorrência. “Independente de haver violência física, a mulher que é acuada ou ainda que tenha o marido que quebra tudo em casa também pode denunciar”.
Já a mulher que se identificou nesse ciclo de violência e necessita de apoio psicológico deve procurar o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).
Mas ainda há grupos de apoio direcionados às mulheres que já sofreram ou ainda estão em situação de violência doméstica, como a Ong Lírios (Liga de Reestruturação das Irmãs Ofendidas no Seu Sentimento), localizada na rua da Fraternidade, número 01, no bairro Jardim Imperador II, em Várzea Grande. A Lírios está em recesso e voltará a atender apartir do dia 25 de janeiro.
Em todo o Estado, o número de morte de mulheres foi de 67, no entanto a Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (SESP-MT) não dispõe de filtro para tipificar as motivações dos assassinatos.