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Mais de 90% dos brasileiros defendem prisão para homem que bate em mulher, diz IPEA

Maioria dos entrevistados afirma, no entanto, que discussão deve ser resolvida dentro de casa 

Cidades|Do R7

“Em briga de marido e mulher não se mete a colher” foi a opção escolhida por 82% dos entrevistados
“Em briga de marido e mulher não se mete a colher” foi a opção escolhida por 82% dos entrevistados “Em briga de marido e mulher não se mete a colher” foi a opção escolhida por 82% dos entrevistados

A grande maioria dos brasileiros ouvidos pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) para a realização da pesquisa sobre Tolerância Social à Violência Contra as Mulheres, divulgada nesta quinta-feira (27) concorda, total ou parcialmente, que maridos que batem em suas mulheres devem ser presos. De acordo com os dados, 91% da população é a favor de “punição severa para a violência doméstica”. Dos entrevistados, 78% concordaram totalmente que os homens devem ir para a cadeia nesses casos.

No entanto, o Ipea destaca que é “prematuro concluir, com base nesses resultados, pela baixa tolerância à violência contra a mulher na sociedade brasileira, pois a mesma pesquisa oferece evidências no sentido contrário” já que 58% concordaram que “se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros.

Além disso, 63% concordaram, total ou parcialmente, que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família” e 89% dos entrevistados defendem que “a roupa suja deve ser lavada em casa”. “Em briga de marido e mulher não se mete a colher” foi a opção escolhida por 82% dos entrevistados.

Esses dados indicam que há contradição da população em relação à tolerância à violência contra a mulher já que, por um lado os entrevistados concordam com a punição, mas por outro acreditam que a mulher tem sua parcela de culpa nos casos de estupro e agressão doméstica.

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Outros dados do levantamento sugerem que a população apoia o modelo familiar centrado na figura do homem, mas destacam que, embora seja percebido como o chefe da família, “seus direitos sobre a mulher não são irrestritos, e excluem as formas mais abertas e extremas de violência”.

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Para os entrevistados, “um homem deve tratar bem sua esposa, e, enquanto o fizer, rusgas ‘menores’ devem ser resolvidas no espaço privado. A esposa, por sua vez, deve ‘se dar ao respeito’, se comportar segundo o papel prescrito pelo modelo”. Porém, caso os conflitos entre o casal se tornem violentos, os dois devem se separar e “a mulher não deve tolerar violência pelos filhos, e, se o marido bater, é caso para intervenção do público na esfera privada”.

O estudo conclui que essa aprovação da separação em casos de violência sugere uma intolerância em relação à violência, “possivelmente como resultado de toda a cobertura na mídia da Lei Maria da Penha”.

Tipos de violência

Apesar de a agressão física ser considerada a mais grave pelos entrevistados, esse não é o único tipo de violência rejeitado pela população já que 68% concordaram que “é violência falar mentiras sobre uma mulher para os outros” e 89% discordaram da afirmativa “um homem pode xingar e gritar com sua própria mulher”.

Diante desses dados, o estudo conclui que “muitas pessoas parecem compreender que a violência doméstica e familiar contra as mulheres não diz respeito somente à violência física” e demonstram que há um entendimento de que é “quase sempre acompanhada da violência psicológica, moral e patrimonial”.

Outro resultado que mostra intolerância da população com a agressão física, é que 83,6% discordaram da sentença “dá para entender que um homem rasgue ou quebre as coisas da mulher se ficou nervoso” e 74% não acreditam que “é da natureza do homem ser violento”.

Entrevistados

O Ipea ouviu, entre maio e junho de 2013, 3.810 entrevistados de todas as regiões do País. Destes, 56,7% eram do Sul e do Sudeste e 29,1%, residentes em áreas metropolitanas. Em relação à faixa etária, 28,5% eram jovens entre 16 e 29 anos; 52,4% tinham entre 30 e 59 anos e 19,1% eram idosos com 60 ou idade superior.

Dos que participaram do levantamento, 66,5% eram mulheres; 38,7%, brancos; 65,7%, católicos; 24,7%, evangélicos e 9,6%, pertencentes às demais religiões, ateus e sem religião.

No que diz respeito ao grau de escolaridade, 41,5% daqueles que fizeram parte da sondagem tinham menos do que o ensino fundamental; 22,3%, o ensino fundamental; 30,8%, ensino médio e 5,4%, ensino superior.

A renda domiciliar per capita média dos entrevistados era de R$ 531,26.

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