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Maranhão teria de dobrar vagas para acomodar todos os detentos

Coordenador do TJ-MA diz que obras hoje em andamento não resolverão questão

Cidades|Thiago de Araújo, do R7

Sistema penitenciário do Maranhão conta com 3.800 vagas para cerca de 7.000 presos no Estado
Sistema penitenciário do Maranhão conta com 3.800 vagas para cerca de 7.000 presos no Estado

O sistema penitenciário do Maranhão tem quase o dobro de presos em relação às vagas ofertadas atualmente nas 32 unidades prisionais do Estado. E nem mesmo as novas penitenciárias previstas para os próximos meses resolverão o problema, de acordo com o coordenador da unidade de monitoramento carcerário do TJ-MA (Tribunal de Justiça do Maranhão), Ariston Apoliano.

Dados de dezembro do ano passado, repassados ao TJ-MA pelo governo estadual, apontam que cerca de 5.400 presos ocupam as 3.800 vagas do sistema penitenciário local. Somados aos 1.600 detentos que estão em delegacias espalhadas pelo Estado — situação irregular, segundo o tribunal —, a população carcerária alcança o total de 7.000 pessoas, o que significa que 3.200 vagas teriam de ser criadas hoje para resolver o problema.

O levantamento mais recente do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) sobre o tema apontou um déficit um pouco menor, de 2.400 vagas, nos presídios do Maranhão, uma vez que considerou que muitos detentos considerados provisórios no Estado não deveriam constar no cálculo. O Judiciário maranhense tenta agilizar os processos para alcançar média nacional de 42% de presos provisórios dentre toda a população carcerária. Hoje, no MA, a média é de 50%.

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Até o fim da semana, o governo do Maranhão, através da Secretaria de Segurança Pública e da Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária, espera transferir entre 23 e 24 presos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, para presídios federais e para outras cadeias no interior do Estado. A decisão depende do aval da Justiça local, mas o tema ainda gera controvérsias. A começar pela falta de vagas em penitenciárias fora da capital.

— No interior do Estado ainda há algumas unidades que dá para a gente administrar, que não estão tão cheias. É preciso haver esse contato da Secretaria de Segurança e da Secretaria de Justiça com o juiz responsável por cada unidade, e aí então haver esse acordo, até que sejam construídas mais unidades. É construir mais unidades para ser possível ter maior controle e gestão. Sem isso, nem a parte processual ou da ressocialização será suficiente. Estamos na torcida para que se criem mais unidades o mais rápido possível, para não ficarmos reféns dessa situação.


No ano passado, a governadora Roseana Sarney voltou a assegurar o reforço de sete novos presídios, nos municípios de Pinheiro, Brejo, Santa Inês, Timon, São Luís, Riachão e Coroatá, além de outros dois — nas cidades de Imperatriz e São Luís Gonzaga, ambos com obras avançadas — para a abertura de 1.621 novas vagas no sistema, ao custo de R$ 131 milhões. Cerca de um terço dos recursos (R$ 52 milhões) viriam do governo federal, mas o dinheiro para as obras em Santa Inês e Pinheiro foi recolhido pela ausência de construção no prazo de 18 meses.

Para o coordenador da unidade de monitoramento carcerário do TJ-MA, apesar dos revezes nesses dois casos, as novas vagas serão importantes não só para amenizar o problema em Pedrinhas, mas também para pôr fim à prática denunciada pelo Sindspem (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Maranhão): a de separação de presos no sistema carcerário por facções criminosas, e não pela gravidade das condenações de cada um.


Segundo informado ao TJ, o governo do Maranhão estima que, em quatro meses, surjam mais 500 vagas no sistema com a construção de ao menos cinco presídios.

A única prisão que está hoje com a sua capacidade máxima subutilizada é a Penitenciária Feminina do Estado do Maranhão, construída com recursos federais. Isso gerou críticas por parte do juiz Fernando Mendonça, da 2ª Vara de Execuções Penais. Para ele, a existência do presídio feminino foi uma exigência no Depen (Departamento Penitenciário Nacional), órgão vinculado ao MJ (Ministério da Justiça), e demonstraria falta de planejamento para a questão da falta de vagas.

— É uma piada você pegar as plantas arquitetônicas dos presídios que eles [Depen] impõem a vários Estados. Vou te dar um exemplo aqui de São Luís. Eles estabeleceram a criação de um presídio de segurança máxima para as mulheres presas aqui. É a prisão mais segura da capital, deixada para mulheres que têm um potencial de periculosidade de média para baixo.

A permanência da Força Nacional de Segurança no Estado até o próximo dia 23 de fevereiro é vista com bons olhos pelas autoridades maranhenses. Na visão de Ariston Apoliano, o mais recente caso envolvendo presos decapitados no Complexo de Pedrinhas tem se tornado uma infeliz “tradição” no que diz respeito às rebeliões em prisões do Maranhão. Para ele, é preciso agir o quanto antes.

— Em 2010 e 2011, já tivemos casos de decapitações em rebeliões (...) Será que é nesse ponto que vamos chegar? Vamos chegando em um nível mais animalesco mesmo. Aí é o momento de o governo criar vaga, regionalizar, para começar a ter controle, senão nenhum trabalho consegue avançar. A solução inicial é a abertura de novas vagas para voltar a ter controle.

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