Mudança na polícia do Paraná deve dar novos rumos à investigação do caso Tayná
Ministério público deve entrar nesta segunda com denúncia de tortura aos suspeitos
Cidades|Do R7, com Rede Record

O Ministério Público do Paraná tem, a partir desta segunda-feira (29), prazo de cinco dias para oferecer denúncia contra os policiais suspeitos de torturar quatro suspeitos de matar a adolescente Tayná da Silva, de 15 anos, em Colombo, região metropolitana de Curitiba. As investigações foram concluídas na última sexta-feira (26). Também nesta segunda-feira, o novo delegado-geral da Polícia Civil, Riad Braga Farhat, assumiu o cargo.
Marcus Vinícius Michelotto foi substituído após as denúncias de tortura. O governo anunciou a troca no comando, mas não foi esclarecido se Michelotto quis deixar o cargo ou foi afastado. Ele disse apenas que se trata de uma “oxigenação, novos rumos e novos desafios”.
Todas essas mudanças devem dar novos rumos à investigação sobre o assassinato da adolescente. Ao menos dez policiais foram presos e na sexta-feira (26) seriam ouvidos, mas se recusaram porque o Ministério Público queria gravar o procedimento. O delegado Silvan Pereira, que teria comandado as seções de tortura, chegou para o depoimento com uma camiseta que mostrava a foto de Tayná. Mas ele e os outros nove policiais civis presos suspeitos das agressões saíram sem falar nada. O advogado Cláudio Dalledone informou que eles só dariam um depoimento escrito, e não gravado.
Uma gravação mostra o primeiro depoimento de um dos funcionários do parque suspeitos de matar Tayná Adriane da Silva, de 14 anos. O vídeo foi feito dois dias depois que a adolescente desapareceu. Sem nenhuma lesão aparente, ele conta como a vítima teria sido morta. No depoimento, Sérgio Amorin Silva fala que teria mantido relações sexuais sem o consentimento da vítima e que outro funcionário teria matado a garota.
Os quatro funcionários suspeitos pela morte da adolescente dizem ter confessado o crime depois de sessões de tortura. Eles foram presos e depois liberados por falta de provas. Um guarda municipal, que também é suspeito de tortura, confessou as torturas ao Ministério Público. Ele contou que bateu nos funcionários do parque por revolta depois que eles confessaram o crime brutal.
Relembre o caso
As investigações sobre a morte de Tayná tiveram grandes reviravoltas. Quatro homens foram presos suspeitos da morte, mas disseram que só confessaram o crime porque foram torturados. Eles relataram que levaram choques, chutes e foram obrigados a fazer sexo entre si na frente e a pedido de um militar.
Um exame comprovou que o sêmen achado no corpo dela não pertencia a nenhum dos envolvidos e o resultado vazou. Os suspeitos foram soltos a pedido do Ministério Público. Além das denúncias de tortura, a polícia ainda investiga quem matou a jovem, achada no dia 27 de junho.
Catorze policiais, entre eles um delegado, foram presos suspeitos de tortura. Os espancamentos foram confirmados após exame de corpo de delito realizado por uma comissão da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
O governo do Paraná informou que Marcus Vinícius Michelotto deixou o cargo de delegado-geral da Polícia Civildo Estado na última segunda-feira (22). O novo delegado-geral é Riad Braga Farhat, que respondia pelo Denarc (Divisão Estadual de Narcóticos). Não foi esclarecido se Michelotto quis deixar o cargo ou foi afastado. Ele disse apenas que se trata de uma “oxigenação, novos rumos e novos desafios”.
Mais uma morte
O corpo de uma jovem identificada como Jennifer Priscila de Oliveira, 20 anos, foi encontrado próximo ao parque de diversões em Colombo, cidade do Paraná, onde a jovem Tayna da Silva, de 15 anos, também foi achada sem vida.
Jenifer foi localizada na última terça-feira (23) com marcas de pancadas pelo corpo, mas a causa da morte ainda deve ser esclarecida. Segundo a Polícia Civil, o local em que ela foi encontrada fica a cerca de 800 metros de onde Tayná estava.
