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Mulher conta o que ouviu após ser estuprada por ex-companheiro: “Era isso que você queria, não era?”

Afastada da família e do trabalho, blogueira viveu momentos de horror no relacionamento

Cidades|Giorgia Cavicchioli, do R7

Elisa precisou limpar seu próprio sangue depois de sofrer agressão
Elisa precisou limpar seu próprio sangue depois de sofrer agressão Elisa precisou limpar seu próprio sangue depois de sofrer agressão

“Não me sinto intimidada mais”. É com força e determinação que Elisa Barbosa, de 25 anos, conta a história do relacionamento abusivo que viveu.

Ela conheceu o parceiro virtualmente, por intermédio de um amigo, e saiu com ele depois de um tempo. Segundo ela, já no primeiro jantar juntos, ele se mostrou extremamente ciumento. Começou uma “terceira guerra mundial” quando ela recebeu, durante a refeição, uma mensagem de uma amiga.

— Nesse dia. Era exatamente nesse dia, nesse momento, que eu deveria ter me atentado. Esse homem não é normal.

Porém, ela diz que insistiu e eles começaram a se relacionar. Desde o início, o homem apresentava sinais de praticar o gaslighting — uma forma de o abusador fazer com que a mulher se sinta culpada pelos abusos, que ela duvide de sua sanidade mental.

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— Ele se mostrou impiedoso, não sentia remorso algum ao me ver chorar. Não sentia nada. Parece que torcia para que eu fizesse alguma coisa que me comprometesse e, então, pudesse falar à sociedade que a culpa de tudo era minha.

Elisa conta que, cada vez mais, ele foi intensificando o modo controlador: mentia, vigiava e não aceitava que ela tivesse vida social. Quando ligava para o celular da jovem e ela estava em casa, ele ligava também para o telefone fixo. Só para se certificar de que ela estava falando a verdade.

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— A qualquer momento ele mudava as atitudes, ficava louco. Era inconstante. Acho que uma pessoa assim deve sentir vergonha de si mesmo e, no mínimo, se tratar.

Para ele, todas as mulheres eram “loucas e traidoras”. Se a companheira ia para a casa de uma amiga, ele ligava a cada 15 minutos. Se ela colocava uma senha diferente no celular, ele desconfiava. Se ela estava em casa depois de um dia de trabalho, ele ligava no celular e no fixo para se certificar da localização dela.

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— Desde o início desse relacionamento ele demonstrava ser um abusador, mas eu não entendia isso, nunca tinha pesquisado sobre o assunto.

Tudo começou a ficar pior: começaram as agressões físicas. Um dia, ele fez cortes nas mãos e no braço esquerdo da moça. Os cortes foram tão profundos que, até hoje, ela tem que conviver com as cicatrizes causadas pela agressão. E a parede suja de sangue? Ela que teve que limpar.

Então, veio o estupro: “Ele tampou a minha boca durante todo momento. Minha filha estava no quarto ao lado e eu só ficava pensando que ela poderia acordar”.

— Lembro que ele me falou: “Era isso que você queria, não era”?

Depois desse dia, ele desapareceu. Nunca mais a procurou. Para ela, depois que ele conseguiu “o que queria”, foi para bem longe. Ela diz que queria muito denunciar, mas que, ao mesmo tempo, só queria que o pesadelo acabasse logo.

Até das coisas mais simples ela era privada. As roupas? Tinham que passar pela aprovação dele. A família? Ela não podia ver. A comida? Ele usava para engordar a mulher. Essas, para ela, eram as formas que ele encontrava de prendê-la em casa.

— Perdi meu emprego. Até hoje tento encontrar estabilidade profissional e financeira que eu tinha. Eu perdi tanta coisa, tantas oportunidades.

Para encontrar a paz, Elisa escreve em um blog chamado Dilemas de Relacionamentos. Hoje, ela diz que tem muito amor próprio: “Hoje tenho algumas respostas e me senti mais tranquila por saber que a culpa não era minha”.

Ela diz que não é fácil se libertar dessa situação. Também pela falta de ajuda que essas mulheres encontram na sociedade que, muitas vezes, diz que “a culpa é delas” e as envergonha.

— [A sociedade] não pensa em nos ajudar e não pensa que somos vítimas, ao contrário, diz que não saímos disso porque não queremos. Por esse motivo, a sociedade, no geral, não entende que, na verdade, tem certa parcela de culpa.

Ter passado por tudo isso, transformou Elisa. Ela diz que hoje é uma pessoa nova e muito feliz. Para ela, é importante dividir essa história com outras pessoas para que elas denunciem os abusos e para que a sociedade compreenda que ela precisava de ajuda, mas que ninguém queria ouvir.

Por destino ou sorte, Elisa ainda está aqui para dividir sua história. Muitas mulheres que passam pelas mesmas situações morrem antes de poder denunciar seus abusadores.

— Hoje sou feliz pela vida que eu tenho. Pelo ar que respiro, pelas pessoas a minha volta, por ter superado isso, por saber que consigo ser feliz por completo, independente de qualquer pessoa.

Ela diz que nunca chegou a denunciar o agressor. Ela tinha vergonha do que isso poderia representar para ela. Porém, diz que se arrepende. Mulheres na mesma situação podem ligar para o número 180 e denunciar os abusadores.

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