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Pais que esquecem filhos em carros são vítimas do excesso de informação, dizem especialistas

Psicóloga e psiquiatra alertam sobre os perigos do estilo de vida moderno para a memória

Cidades|Caroline Apple, do R7

Menina de dois anos ficou em carro por cinco horas na Grande SP
Menina de dois anos ficou em carro por cinco horas na Grande SP

Dois casos de crianças encontradas mortas após serem esquecidas em carros chocaram o País nesta semana. Um aconteceu em Belo Horizonte (MG) e outro, na Grande São Paulo. Ambas ficaram nas cadeirinhas de criança por horas enquanto os pais foram trabalhar.

No dia 12, uma criança de dois anos também morreu no Rio do Janeiro do mesmo modo. Dessa vez, a vítima foi deixada no veículo pela motorista do transporte escolar. 

Os acontecimentos, que não são isolados, deixam uma sociedade acostumada a apontar culpados desamparada, principalmente quando a morte da criança acontece em um momento de irresponsabilidade dos pais. E a pergunta que fica é: o que leva um pai ou uma mãe a esquecer o próprio filho?

Para especialistas em comportamento humano, o ponto de partida para uma explicação deve ser o mesmo: todos são vítimas de uma sociedade acelerada e desconectada do presente.


A psicóloga Eleni Bougiotakis explica que, apesar de injustificável, esse comportamento é típico de uma pessoa que está com uma mente saturada e em uma vida robotizada e mecânica. Eleni explica como é prejudicial desconectar a ação do sentir e como isso é uma bomba relógio em meio a tantas obrigações e tarefas do dia a dia.

— A calma é um fator-chave para parar de agir mecanicamente e começar a sentir as ações e os movimentos. E essa desconexão acontece pelo acúmulo de informações e pensamentos, muitas vezes desnecessários, mas que acabam ocupando um espaço importante de nossas vidas. Balancear as informações que recebemos é um exercício diário. As pessoas têm que se desconectar do que não é útil para se conectar aos seus filhos, ao que realmente importa em sua vida. E quem decide o que deve ser valorizado ou não é a própria pessoa.


Pai que esqueceu filha em carro diz que não faz ideia do que aconteceu

Eleni aponta também que deixar de sentir os atos pode transformar tudo em obrigação, facilitando uma falha na memória.


— Se a pessoa não está conectada ao próprio filho o ato de levá-lo à escola pode ser visto pela mente como uma obrigação, portanto, passível de esquecimento, como qualquer outra. O filho, no caso, não pode ser colocado numa lista de tarefas do dia, como se tivesse a mesma importância do que ir trabalhar, por exemplo, senão mecaniza a ação e abre margem para o esquecimento.

Em entrevista ao programa da TV Record Café com Notícia, na manhã de quinta-feira (17), o psiquiatra e terapeuta Içami Tiba falou sobre os problemas do excesso de informação. Ele também destacou que a falta de ligação humana está atrelada ao fato de ocupar a mente com uma atividade que não condiz com a que está fazendo.

— O cérebro só faz o que conhece. Não é que esse pai esqueceu a criança, na verdade o cérebro que não foi acionado constantemente para se ver obrigado a fazer alguma coisa. É como dirigir e falar ao celular, o cérebro faz o que sabe e a mente está na ligação telefônica. (Veja o vídeo abaixo)

Crime

Os pais que estão nessa situação podem responder por homicídio doloso (quando há a intenção de matar) ou culposo (quando não há a intenção de matar).

De acordo com o advogado criminalista Roberto Parentoni, após a apuração do caso, é definido como o processo criminal será tratado na Justiça, porém, é comum que nesses casos seja concedido o perdão judicial.

— O juiz entende que a perda do filho é maior do que a própria pena. A pessoa pode ser presa e liberada sob fiança, caso não tenha antecedentes criminais.

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