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Paraíba e Piauí são os Estados mais intolerantes a gays 

Número de crimes com motivação homofóbica nesses Estados está acima da média nacional

Cidades|Ana Cláudia Barros, do R7

São Paulo teve 250 casos, o que corresponde a 24,68%, em 2014
São Paulo teve 250 casos, o que corresponde a 24,68%, em 2014

Em números absolutos, São Paulo foi o Estado que concentrou mais denúncias de violência homofóbica em 2014, segundo estatísticas do Disque 100 — central mantida pela SDH/PR (Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República) —, totalizando 250 casos, o que corresponde a 24,68%. Rio de Janeiro e Minas gerais vêm em seguida, com 77 e 73 registros, respectivamente.

O cenário ganha outra configuração quando são consideradas denúncias por 100 mil habitantes. Desta forma, Distrito Federal assume a ponta, com 1,52% das ocorrências. Logo atrás, praticamente empatados, vêm Alagoas (1,51%), Paraíba (1,22%) e Piauí (1,22%).

Os dados encontram convergência no Relatório Anual de Assassinatos de Homossexuais no Brasil, divulgado em fevereiro pelo GGB (Grupo Gay da Bahia). De acordo com o documento, quando considerados os números absolutos, os Estados onde houve mais assassinatos de LGBT foram São Paulo (50) e Minas Gerais (30).

Já em termos relativos, as chances de ocorrer um homicídio com motivação homofóbica na Paraíba e no Piauí estão acima da média nacional. Enquanto no Brasil, os LGBT assassinados representam 1,6 de cada um milhão de habitantes, nos dois Estados nordestinos a proporção salta para 4,5 (PB) e 4,1 (PI).


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A psicanalista e professora da Universidade de São Paulo Edith Modesto, que é especialista em questões de gênero, destaca que as dificuldades enfrentadas pelos LGBT ficam ainda mais acentuadas em cidades do interior e em Estados mais conservadores, onde os avanços foram pequenos.


— O transexual enfrenta todo tipo de dificuldade. Não há qualquer facilidade. O homossexual, de modo geral, está um pouco melhor se viver em grandes centros. Se viver em pequenas cidades, em estados mais conservadores, tem uma dificuldade muito pouco menor do que antigamente.

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Agressores

Estatísticas do Disque 100 referentes ao ano passado indicam que os homens são os principais agressores de LGBT. Em 620 casos não foi informada qual era a relação entre suspeito e a vítima. Desconhecidos e vizinhos estão entre os agentes da violência mais comuns, com 472 e 316 denúncias, respectivamente.

A rua e a casa da vítima são os locais onde mais acontecem as violações, segundo as estatísticas.

Três muros

Desde que descobriu que o filho caçula fugia do padrão heteronormativo, a professora Edith Modesto decidiu dirigir sua pesquisa para as questões de gênero. Há 25 anos, ela fundou o GPG (Grupo de Pais de Homossexuais) e, em 2011, recebeu o prêmio Tese Destaque USP por seu trabalho de doutorado intitulado “Homossexualidade: Preconceito e Intolerância — Análise Semiótica de Depoimentos”.

De acordo com ela, há três muros que o LGBT precisa transpor: o social, a escola e a família. Este último é um dos mais difíceis de ser superado, conforme Edith. A psicanalista explica que é um processo complexo para muitos pais aceitar que o filho não está de acordo com a norma social.

— As famílias, em geral, querem ter um filho heterossexual, porque foi aquilo que aprenderam ser o melhor. Sabem também que o filho vai ter uma vida mais difícil. Há decepção, vergonha, medo, tristeza. Não é fácil. Temos que considerar que o preconceito é social e está internalizado em todos, inclusive, nos LGBT, o que atrapalha a autoaceitação. 

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