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Pernambuco teve 500 adolescentes baleados entre 2018 e 2022, aponta levantamento

Do total de vítimas, 322 morreram. ‘Sociedade que não garante a vida de seus adolescentes está sujeita ao fracasso’, diz pesquisador

Cidades|Guilherme Padin, do R7

Outro estudo, de 2021, apontou Pernambuco como o estado mais violento para jovens
Outro estudo, de 2021, apontou Pernambuco como o estado mais violento para jovens Outro estudo, de 2021, apontou Pernambuco como o estado mais violento para jovens

Balas encontraram o corpo de 500 adolescentes em Pernambuco de 2018 a 2022. As famílias de 322 desses meninos e meninas entre 12 e 17 anos choraram suas mortes. Os outros 178 ficaram feridos.

Relativos à Grande Recife, os dados são do Instituto Fogo Cruzado, plataforma dedicada a mapear a violência e tiroteios em centros urbanos brasileiros.

“Uma sociedade que não consegue garantir vida aos seus adolescentes está sujeita ao fracasso”, diz Romero Silva, técnico do Gajop (Gabinete Assessoria Jurídica Organizações Populares). Dois anos atrás, relatório da Rede de Observatórios de Segurança (confira mais abaixo) apontava o estado pernambucano como o mais perigoso para jovens.

Entre esse meio milhar de vítimas, havia cinco jovens grávidas: três delas morreram, duas se feriram.

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O cenário de violência contra crianças e adolescentes é fruto de uma política ineficaz de segurança pública, aponta Silva. “Há uma negligência do estado para fortalecer as políticas públicas que podem enfrentar essa realidade”, prossegue.

Entretanto, a resolução do problema não passa somente pelo braço da segurança pública, destaca o pesquisador: é necessário um conjunto articulado de ações em distintas áreas.

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“As políticas de proteção social, as políticas de direitos humanos, de habitação e de saúde precisam chegar às comunidades. Para que essa realidade seja enfrentada, elas precisam se aproximar das famílias, sobretudo as periféricas. Não dá para aceitar números como esse: pensar que, durante quatro anos, nove adolescentes foram baleados por mês”, conclui.

Detalhes sobre as vítimas

O Fogo Cruzado também informou detalhes acerca dos tipos de caso de adolescentes baleados na Grande Recife. Veja:

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- 436 foram baleados em homicídios e tentativas de homicídios; 303 morreram

- ações policiais deixaram 10 adolescentes mortos e 15 feridos

- 46 foram atingidos dentro de casa; desses, 37 morreram

- 3 foram alvejados dentro do transporte público

- 16 foram vítimas de balas perdidas; 15 se feriram e 1 morreu

- 5 adolescentes grávidas foram baleadas; 3 morreram

- 5 adolescentes foram atingidas em feminicídios ou tentativas de feminicídio; 3 morreram

Vitimização por cidades

Recife é, como esperado, a cidade onde mais adolescentes foram alvejados no período de pesquisa — de 1º de abril de 2018 a dezembro de 2022.

Foram 162 vítimas (97 mortos e 65 feridos) na capital pernambucana, seguida por Jaboatão dos Guararapes, com 85 adolescentes baleados (56 mortos e 29 feridos), e Cabo de Santo Agostinho, com 73 (51 mortos e 22 feridos).

Confira:

Pernambuco, o estado mais violento para crianças e adolescentes

Levantamento da Rede de Observatórios da Segurança avaliou 1.473 casos de violência contra crianças e adolescentes em cinco estados, entre junho de 2019 e maio de 2021. Um terço dos registros (507) correspondia a homicídios contra pessoas de até 18 anos.

Do total dos episódios de violência, Pernambuco ocupou o terceiro lugar, com 300. No entanto, como possui uma população expressivamente inferior a São Paulo e Rio de Janeiro, respectivos primeiro e segundo, o estado pernambucano foi aquele com a maior taxa proporcional de casos: foram 3,1 para cada 100 mil habitantes.

Em relação aos tipos de registro, Pernambuco liderou homicídios (165), os único cinco latrocínios e as três tentativas de feminicídio, além do único feminicídio consumado contra uma menor de idade no levantamento.

O estado nordestino foi também o segundo colocado entre as crianças e adolescentes vítimas de balas perdidas, com 19 casos.

Posicionamento

O R7 procurou o governo do estado do Pernambuco para se posicionar a respeito da vitimização dos adolescentes pernambucanos. Até o momento, não houve retorno.

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