Uma confusão por causa de uma palestra na Ufam (Universidade Federal do Amazonas) terminou com um aluno preso pela Polícia Federal nesta quinta-feira (10).
O tumulto se deu em razão de protestos por conta da presença do presidente-executivo da ONG StandWithUs, André Lajst. A entidade tem como atividades o apoio a Israel e a luta contra o antissemitismo no mundo.
Em razão dos protestos, a reitoria da universidade chamou a Polícia Federal para o campus da Ufam, em Manaus. Vídeos mostram os participantes com bandeiras da Palestina e também registraram momentos de violência.
André Lajst, que é cientista político, divulgou um vídeo que mostra que ele precisou ser escoltado pelos policiais para poder entrar e sair da universidade. Ele criticou a postura dos manifestantes e lembrou que a palestra era sobre empreendedorismo e tecnologias renováveis para a Amazônia, na qual seriam abordadas inovações adotadas em Israel que poderiam ser úteis no Brasil.
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Não se tratava, portanto, do conflito árabe-israelense, que foi tema do mestrado e do doutorado do presidente da StandWithUs. Lajst classificou os protestos como um ato de antissemitismo.
“Exemplo clássico de antissemitismo. Você ser escoltado por forças policiais para falar sobre um tema porque pessoas discordam da sua presença, não do que você vai falar”, disse. “Não tem como a gente conseguir criar um ambiente democrático onde as pessoas possam expor as suas opiniões com discursos de ódio, acusações levianas, e quando as pessoas não assumem seu próprio ódio para conseguir se libertar”, completou.
Antes do evento, o Diretório Central dos Estudantes divulgou uma nota em que afirma rejeitar a presença de Lajst nas dependências da universidade. A entidade disse ainda que o palestrante “é conhecido como um dos maiores defensores da política sionista, que viola as leis internacionais e os direitos mais básicos do povo palestino”. ”A Palestina é uma Causa da humanidade”, declarou o diretório.
Lajst rebateu a crítica e afirmou que o sionismo é um movimento nacional de autodeterminação do povo judeu e de sentimento de que Israel faz parte da sua identidade, não havendo uma relação específica com o conflito com a Palestina. Ele contou que foi chamado de "nazista", algo que repudia.
Polícia Federal
Após a confusão, a PF também divulgou uma nota sobre o ato e disse que o aluno detido foi liberado. Veja a nota na íntegra:
A PF informa que a solicitação foi atendida visando garantir a ordem e a segurança dos palestrantes, bem como dos alunos, professores, convidados e participantes do evento.
Um dos alunos que estava no local do evento foi encaminhado à Superintendência Regional para prestar esclarecimentos sobre eventual crime de desacato e foi liberado em seguida.
Vale mencionar que a Polícia Federal apoia a livre manifestação, que é a garantia constitucional disposta na Constituição Federal de 1988, sendo este direito um dos mais importantes pilares da democracia.