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Sensação de insegurança amedronta pais e diminui frequência de alunos em escolas

Professor de uma escola pública de SP informou que a presença dos alunos caiu drasticamente após os recentes ataques

Cidades|Gabrielle Pedro, do R7

Escola Thomazia Montoro foi alvo de ataque no mês passado; uma professora, de 71 anos, morreu na ocasião
Escola Thomazia Montoro foi alvo de ataque no mês passado; uma professora, de 71 anos, morreu na ocasião Escola Thomazia Montoro foi alvo de ataque no mês passado; uma professora, de 71 anos, morreu na ocasião

Os últimos ataques à Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, e ao Centro Educacional Infantil Cantinho do Bom Pastor, em Santa Catarina, nos dias 27 de março e 5 de abril, respectivamente, levantaram uma onda de medo e preocupação em pais de alunos de colégios públicos e particulares.

Essa sensação de insegurança tem feito responsáveis diminuírem a ida de seus filhos às instituições de ensino, como Adriana Stefany, mãe do pequeno Yann, de 6 anos, que estuda em uma escola pública da cidade de Caldas Novas, em Goiás.

"Antes desses casos acontecerem, nunca tive medo de mandar meu filho para a escola. Na verdade, nem era algo em que eu pensava muito. Agora, depois da tragédia em Santa Catarina, eu tenho medo todos os dias. O Yann tem a mesma faixa etária das quatro criancinhas que morreram naquele dia. Eu chorei muito pensando que pudesse ter acontecido com ele. Em alguns dias nem o levei porque estava muito preocupada", contou ao R7.

Segundo a dona de casa, a escola do filho está tentando manter uma comunicação mais próxima e clara com os pais para evitar notícias falsas sobre supostos ataques. Mesmo assim, avalia que isso não é suficiente para aumentar sua confiança na segurança.

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"Eles disponibilizaram um número de WhatsApp onde a gente consegue tirar dúvidas, e eles mandam comunicados sobre a vigilância dentro do colégio. Acho que isso é bom, mas não é a única coisa que deve ser feita. Concordo que precisa ter agentes de segurança dentro das escolas, detectores de metal, revista de mochilas e também psicólogos que ajudem alunos que sejam vítimas de bullying", disse ela.

Assim como Adriana, Nycole Parreira, mãe de Heitor, de 4 anos, tem preferido manter o filho, que também estuda em escola pública, em casa por alguns dias. Ela relatou que vem recebendo mensagens sobre supostos ataques em sua cidade - Ubá, no interior de Minas Gerais - e prefere não correr o risco, embora nenhum tenha sido efetivo.

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No entanto, acredita que nada substitui o ensino dentro da sala de aula. "Quero proteger ele, mas é importante que ele conviva com outras crianças e saiba crescer em sociedade."

Não são só os pais

Um professor de uma escola da rede estadual da zona oeste de São Paulo, próxima à escola Thomazia Montoro, e que preferiu não se identificar, disse que os comportamentos de Adriana e Nycole não são isolados. Segundo ele, a presença dos alunos em sala de aula diminuiu drasticamente.

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"Houve uma queda significativa na instituição onde eu leciono. E, conversando com outros colegas, soube que isso não é só da minha região, é nacional. Nas minhas listas de chamada, geralmente, tem entre 40 e 50 alunos, mas nem 25% disso estão indo às aulas", afirmou.

O docente explicou que esse medo não vem só dos pais. "Falei com alguns estudantes, e eles disseram que estão sofrendo com crises de ansiedade, não querem voltar para a escola porque têm medo de que algo semelhante aconteça por aqui. Para piorar, tem alarmes falsos que provocam ainda mais terror nos alunos, pais e toda a comunidade. Algo precisa ser feito nas escolas, mas também no entorno."

O professor comenta ainda sobre os possíveis projetos em relação à segurança nos estabelecimentos de ensino. "Vejo muita gente falando sobre colocar detectores de metais nas portarias das escolas, contratar segurança, mas é muito difícil acreditar que isso irá acontecer. Eu trabalho em uma instituição pública e vejo de perto que não temos estrutura nem para o básico, como lâmpadas, que vivem quebradas”, descreveu.

Escolas particulares também estão suscetíveis

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Segundo o professor, essa queda na frequência dos alunos não é exclusiva dos colégios públicos. "Tenho colegas que trabalham em outros estados, em escolas particulares, universidades e todos dizem a mesma coisa: os alunos estão com medo. Falo isso de forma geral. Sabemos que a segurança no sistema privado é melhor do que no público, mas ninguém está isento de se tornar uma vítima."

O docente explicou que essa angústia dos estudantes e familiares impacta diretamente no ensino. "Com baixa frequência dos alunos, nós [professores] não conseguimos nos aprofundar tanto nos assunto e tampouco engatar trabalhos de maior complexidade. Isso prejudica muito o aprendizado deles", pontuou.

Alessandra Furtado, mãe de uma menina de um colégio particular na zona oeste de São Paulo, afirmou que os últimos acontecimentos despertaram um alerta nela muito forte.

"Não tem como não ficar com medo, ainda mais que a escola dela é perto do colégio Thomazia Montoro. Sabemos, sim, que escola particular tem uma segurança melhor do que as escolas públicas, mas agora vemos que qualquer está suscetível a isso. E quando não são casos dentro das escolas são do lado de fora, como roubos. É difícil porque não tem para onde correr", disse Alessandra.

Apesar do medo, a empresária sabe da importância da educação em sala de aula. "A escola tem sido muito parceira nesse quesito. Sempre surgem boatos de ataques, mas eles vão atrás e nos tranquilizam. Faço questão de conversar com minha filha, de uma forma que ela entenda e sem assustar, sobre tudo o que está acontecendo para que ela consiga enxergar sinais de alerta e relatar para algum adulto, se for o caso."

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