Argentina faz moinhos brasileiros importarem trigo dos EUA
Governo vizinho ainda não autorizou embarque do produto para ser importado
Economia|Do R7, com Reuters
Moinhos brasileiros estão comprando dos Estados Unidos a maior parte do trigo importado de que necessitam nesta época do ano quando geralmente trariam o produto da Argentina. O governo do país vizinho ainda não liberou os embarques para exportações.
A situação eleva os custos das empresas e alonga os cronogramas de desembarque do produto importado, o que atrapalha o planejamento das indústrias.
Uma pessoa responsável pelas importações em moinho em São Paulo, que não quis se identificar, reclama:
— A gente está revertendo (o planejamento) com o trigo americano. Não tem nenhuma previsão concreta de embarque de trigo argentino.
Havia a expectativa de que a partir de janeiro o governo argentino desse liberação para embarques. O presidente do Moinho Pacífico, Lawrence, afirma que é incerto quando ocorrerá a liberação.
— Não temos informação concreta. Está vindo mais (trigo) dos EUA do que a gente imaginava. Hoje não tem alternativa, além de comprar o trigo americano.
Uma fonte do mercado argentino disse em dezembro que a exportação de 1,6 milhão de toneladas da nova safra já havia sido autorizada, mas que as autorizações para o embarque ainda estavam pendentes.
A Argentina era o principal fornecedor de trigo para o Brasil, mas os EUA assumiram a lideração no quesito entre janeiro e novembro do ano passado.
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Ainda de acordo com dados do Ministério da Cultura, o Brasil importou no período 3 milhões de toneladas de trigo dos EUA contra apenas 54 mil toneladas no mesmo período do ano passado. Relatórios semanais do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) apontam que em dezembro foram exportadas 236,3 mil toneladas de trigo para o Brasil.
Dados detalhados das autoridades alfandegárias brasileiras sobre as importações de dezembro ainda não estavam disponíveis.
Custo maior
O trigo norte-americano entra no Brasil pagando 10% de Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, enquanto o trigo argentino é importado sem taxa. A distância entre o Brasil e os EUA também traz maior custo em relação à importação do trigo argentino devido ao frete e à logística.
Ainda para o empresário Lawrence Pih, a decisão faz com que os moinhos corram o risco de importar o produto dos EUA e logo em seguida a Argentina autorizar o embarque do seu trigo.