Bovespa recua 15,5% em 2013, pior desempenho entre principais bolsas
Em meio a um cenário de incertezas, especialistas estão pouco otimistas em relação a 2014
Economia|Do R7
O principal índice da Bovespa fechou em alta nesta segunda-feira, mas encerrou 2013 com o pior desempenho entre os principais índices acionários globais e, em meio a um cenário repleto de incertezas, especialistas estão pouco otimistas em relação a 2014.
O Ibovespa subiu 0,47% nesta sessão, a 51.507 pontos, guiado pelas ações preferenciais da Vale e da Petrobras. O giro financeiro somou R$ 4,1 bilhões.
Em dezembro, o índice acumulou perda de 1,86%.
No ano, a perda do Ibovespa totalizou 15,5%, ante alta de 7,4% em 2012, enquanto o índice norte-americano Dow Jones caminha para ganho anual de cerca de 26% e o europeu FTSE 300 para valorização de cerca de 16%.
Em dólar, o Ibovespa acumulou queda de 26% em 2013.
Transporte aéreo doméstico tem melhor resultado para novembro em dez anos
BNDES aprova financiamento de R$ 1,5 bi para Aeroporto de Viracopos
Enquanto mercados desenvolvidos como a Europa e os Estados Unidos se beneficiaram de sinais de recuperação econômica, a deterioração do cenário fiscal brasileiro, o crescimento econômico baixo e a pressão inflacionária mantiveram investidores distantes do mercado doméstico de ações.
Para Débora Morsch, sócia da Zenith Asset Management, "foi outro ano perdido".
— O governo mostrou que está mais interessado em políticas econômicas de curto prazo do que em reformas. Há outros mercados com menores riscos institucionais e regulatórios.
De acordo com a Economatica, em 2013 o valor total de mercado das empresas brasileiras teve recuo de cerca de 216 bilhões de dólares, perda acentuada pela alta do dólar ante o real. Além disso, o valor de mercado das companhias fechou o ano abaixo de US$ 1 trilhão, nível que se mantinha constante desde 2009.
Em tal cenário, as perspectivas para o próximo ano são pouco otimistas. Segundo pesquisa feita pela Reuters mais cedo neste mês, especialistas preveem que o Ibovespa vai avançar para 55 mil pontos até meados de 2014 e atingir 59 mil pontos no fim do ano que vem.
Mesmo assim, tal desempenho não seria suficiente para levar o índice ao nível de fechamento de 2012, a 60.952 pontos.
Analistas alertam para a possibilidade de que não haja grandes mudanças em termos de política econômica antes da eleição presidencial de outubro, assim como deve permanecer o risco de rebaixamento da nota de crédito no Brasil. Além disso, o banco central norte-americano dará início em janeiro à redução de seu programa de compra de ativos, que tem sido favorável aos preços de ações, e pode começar a elevar os juros em 2015. Sócio da Cultinvest Asset Management, Walter Mendes analisa.
— Esses fatores acabam segurando (a Bovespa). Não tem muito espaço para cair, já recuamos muito em relação a outros emergentes e a bolsa não está cara... então deve ficar meio de lado e ter uma pequena recuperação (em 2014).
Investidores devem passar o próximo ano garimpando bons ativos, com o foco em empresas que consigam se beneficiar da perspectiva de alta do dólar ante o real, como o setor siderúrgico e as exportadoras de commodities.
O ano de 2014 também deve ser marcado pela primeira mudança na metodologia do Ibovespa em 45 anos. A nova composição passará a levar em conta o valor de mercado das empresas, diferente do modelo atual, que dá mais peso à liquidez dos papéis.
A mudança será feita em duas etapas. A primeira ocorrerá em janeiro, numa combinação da metodologia vigente com a nova, que será integralmente adotada em maio.