Com criação do Brics, empresários querem competir em ambiente de igualdade nos cinco países
Acordo para Novo Banco de Desenvolvimento deve ser assinado nesta terça-feira, em Fortaleza
Economia|Roberta Luiza, do R7, em Fortaleza
O primeiro dia de reuniões na VI Cúpula do Brics, nesta segunda-feira (15) em Fortaleza, serviu para exploração de novos negócios entre empresários dos cinco países e o debate sobre a expectativa de mudanças e redução da burocracia das importações e exportações após a assinatura do acordo que cria o Novo Banco do Desenvolvimento.
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Os chefes de estado e presidentes de Brasil, Rússia, Índia, China e África de Sul participam da cúpula nesta terça-feira (15) para oficializar a criação do banco que vai atender os países emergentes.
Para Robson Braga de Andrade, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), os dois acordos, da criação do banco e de um fundo de investimento, viabilizam uma integração econômica, fundamental para os empresários. A intenção é competir em ambiente de igualdade dentro do bloco dos Brics.
— É uma prioridade para o Brasil internacionalizar suas empresas e crescer mais. Nossa expectativa é que possamos construir uma agenda de trabalho ambiciosa.
Cerca de 700 empresários de 602 instituições dos cinco países participaram do fórum de debates da CNI com expectativa de movimentar US$ 3,9 bilhões. De olho nas negociações — principalmente com a China, maior potência do bloco, empresários sugerem até mesmo a facilitação para os vistos de entrada nos países do grupo.
Segundo a CNI, há interesses nas áreas de agronegócios, infraestrutura, logística e equipamentos de transporte, mineração, máquinas e equipamentos, tecnologia da informação, farmacêutico e equipamentos médicos, energia e economia verde. Também serão agendados o Encontro Empresarial e o Conselho Empresarial do Brics.
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O banco
A criação do Banco do Brics busca uma nova alternativa de financiamento de projetos para o Brasil e os outros quatro países em desenvolvimento. A previsão para as primeiras operações da instituição financeira é para o início de 2016.
Provisoriamente chamada de Novo Banco de Desenvolvimento, a instituição se espelha no Banco Mundial e terá capital inicial de US$ 50 bilhões (cerca de R$ 111 bilhões), os cinco países do bloco vão subscrever desse capital em partes iguais de US$ 10 bilhões (cerca de R$ 22,2 bilhões) cada.
Fundo de reservas
Além da criação do Novo Banco de Desenvolvimento, também será assinado durante a VI Cúpula do Brics o acordo para a efetivação do CRA (Arranjo Contingente de Reservas), uma espécie de fundo de socorro para os países emergentes.
O Arranjo Contingente, que se espelha ao FMI, terá montante inicial de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 222,1 bilhões) e constituirá linha de defesa adicional para os países do Brics em eventuais cenários de dificuldades de balanço de pagamentos. Desse total, a China responderá por US$ 41 bilhões (cerca de R$ 91 bilhões); Brasil, Rússia e Índia, por US$ 18 bilhões cada (cerca de R$ 39,9 bilhões); e a África do Sul, por US$ 5 bilhões (cerca de R$ 11,1 bilhões).