Dez dicas para quem quer renegociar dívidas
Em abril, 59,6% das famílias declararam possuir dívidas e 23,2% disseram ter contas em atraso
Economia|Richard Rytenband, comentarista de Economia da Record News
Em tempos de recessão, aumento do desemprego e queda na renda, o número de famílias com dificuldades para honrar seus compromissos aumenta a cada dia. Apesar de dados registrados apresentarem uma ligeira melhora em abril, o endividamento e inadimplência das famílias segue em um patamar elevado.
De acordo com a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), apurada pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), em abril, 59,6% das famílias declararam possuir dívidas e 23,2% das famílias relataram ter contas em atraso. O cartão de crédito é apontado por 77,9% como o principal tipo de dívida, seguido dos carnês (15,4%) e financiamento de carro (11,9%).
Pensando neste cenário adverso, listei 10 dicas que podem ser úteis a quem está passando por dificuldades na hora saldar as dívidas, e não vê a hora de sair desta situação. Confira:
1. Aceite a realidade e saia do estado de negação
Não adianta procurar culpados ou acreditar que a situação vai se resolver naturalmente. Isso é uma ilusão. O endividamento é resultado de determinados hábitos que guiam a pessoa a regularmente gastar mais do que ganha.
2. Apoio da família
Não tenha vergonha ou receio de expor a situação de endividamento a família. É fundamental que todos estejam conscientes e participem da resolução do problema. A cooperação é fundamental para superar este momento de dificuldade.
3. Viabilidade da renegociação
Antes de renegociar a dívida, calcule todas as receitas e despesas regulares e determine o quanto é viável economizar para o pagamento de dívidas. Não assuma uma renegociação que mais tarde não será honrada.
4. Venda de bens e resgate de aplicações financeiras
Avalie a venda de bens ou a possibilidade de resgate de aplicações financeiras para quitar parte ou toda a dívida. É muito comum uma pessoa utilizar o limite do cheque especial, pagando 12% ao mês, enquanto mantém uma quantia que quitaria essa dívida, na caderneta de poupança, rendendo pouco mais de 0,5% ao mês. Ou ainda, resistir em trocar o modelo do carro por um mais modesto, e com a diferença quitar parcialmente uma dívida.
5. Portabilidade de dívidas
A legislação permite a portabilidade de dívidas de uma instituição financeira para outra, por inciativa do cliente, ou seja, verifique se outras instituições oferecem condições melhores de taxa de juros e prazos, em caso de acordo, faça a portabilidade. Uma vez encontrada uma instituição interessada em receber sua operação, a instituição com a qual você já tem a operação contratada é obrigada a acatar o seu pedido de portabilidade para a outra.
6. Atenção ao CET (Custo Efetivo Total)
Conhecendo previamente o CET (custo total da operação de crédito), fica mais fácil para o cliente comparar as diferentes ofertas de crédito feitas pelas instituições do Mercado. Portanto, quando negociar a nova taxa de juros, fique atento ao CET da operação, que é a taxa que corresponde a todos os encargos e despesas incidentes.
7. Não tolere abusos na hora da cobrança
É muito comum as instituições terceirizarem a cobrança, por isso fique atento e não se sinta pressionado com as ligações, ou em ter que aceitar naquele momento uma proposta. Pense com calma na proposta e não permita abusos, como ligações aos finais de semana e/ou em horários inconvenientes. O código do consumidor em seu artigo 42 estabelece “na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça”.
8. Priorize as dívidas mais caras
Na situação de múltiplas dívidas e de diferentes perfis e taxas de juros, priorize as de maiores encargos financeiros, como cartão de crédito e cheque especial. Segundo dados do Banco Central, as taxas de juros do cheque especial continuam subindo, chegando à taxa média de 300,76% ao ano (12,26% ao mês). Pior ainda é a taxa do rotativo do cartão de crédito, que chegou a 449,06% ao ano (ou 15,25% ao mês).
9. Não se esqueça de você
Durante o processo do pagamento de dívidas, estabeleça recompensas de curto prazo, no sentido de se permitir a ter algum momento de lazer, ou algo que lhe faz bem. É muito importante durante este período difícil, se permitir a pequenos prazeres, caso contrário, em algum momento será insuportável prosseguir com o planejamento de quitação das dívidas. Apenas se punir, lhe direcionará a entrar em desamparo, e desistir do plano.
10. Tenha paciência durante a renegociação
Ao renegociar dívidas, não aceite a primeira proposta, pois há diversas trincheiras de negociação nas instituições financeiras. Tenha consciência disso. Esse tipo de problema não é resolvido em apenas uma ligação, é preciso estar preparado para dialogar muito com a instituição e chegar a um acordo.