Dólar alto, o melhor estímulo para indústria nacional sair da crise
Com capacidade de produção ociosa e vendo seus produtos mais valorizados no exterior, setor deve contratar funcionários e investir mais
Economia|Marcos Rogério Lopes, do R7
Para o mercado, a alta do dólar é uma excelente notícia para a indústria brasileira que busca a exportação. O estrategista-chefe da empresa de mercado financeiro Grupo Laatus, Jefferson Laatus, explica que quem vende para o exterior está recebendo mais, tem condição de contratar funcionários e assim diminuir a ociosidade de suas linhas de produção.
O economista conta que o setor frigoríco está entre os premiados com a variação da moeda americana. “A peste suína na China obrigou o país a buscar no Brasil carne para suprir seu consumo interno e isso aqueceu o nosso mercado.”
“Hoje, os frigoríficos nacionais veem mais vantagem em vender para a China do que no abastecimento nacional, por causa do dólar. Estão importando 100 mil toneladas de nossa carne por mês”, afirmou Laatus.
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Ele conta que o governo tem de comemorar que logo após uma crise econômica ocorra a alta da moeda americana. “Porque aumentam as exportações e ele arrecada mais impostos.”
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O analista reforça que se estivéssemos em um momento de economia pujante, com parques industriais trabalhando no limite, a alta poderia ser negativa. “Quem tem que comprar equipamentos e modernizar a produção gastaria mais em dólar, o que inibiria esse investimento.”
Além da indústria de exportação, quem aplica dinheiro diretamente na moeda ou em fundos lastreados em dólar (com investimentos fora do país) não tem do que reclamar.
Jefferson Laatus diz que por essas razões o Banco Central já deixou claro que não vê razão para se preocupar com a elevação, assim como o ministro da Economia, Paulo Guedes.
Ele também acrescenta que a alta neste momento do ano era esperada, porque é o período em que as empresas multinacionais enviam parte de seus lucros para o exterior e por causa da instabilidade econômica criada com a briga China x Estados Unidos. “Quando um investidor se sente inseguro, é natural que busque aplicar em ativos mais firmes, como o dólar.”
Laatus diz que ainda não se pode falar em um teto para a moeda. “O mercado está testando o BC para ver até onde ele vai deixar ir. Hoje chegou a R$ 4,27, mas a instituição vendeu moeda no mercado e baixou o valor."
Na noite de segunda-feira (25), a moeda fechou o dia negociada a R$ 4,2150, nova máxima histórica. A alta fez a cotação da moeda norte-americana superar o recorde anterior para um fechamento, de R$ 4,2061, cravado há uma semana.
Nos Estados unidos, o ministro Paulo Guedes afirmou que o câmbio de equilíbrio "tende a ir para um lugar mais alto".