Empresários calculam prejuízos com a Copa do Mundo
Associações de bares, restaurantes, shoppings e hotéis estimam queda em lucro e movimento
Economia|Luiz Betti, do R7
A Copa do Mundo consumiu, até agora, cerca de R$ 28 bilhões dos cofres públicos, segundo a mais recente estimativa do Portal Transparência. Para o governo, esses gastos serão compensados por um total de R$ 62 bilhões que o torneio deverá movimentar, entre gastos de turistas e criação de empregos. Mas, apesar disso, alguns empresários e organizações de diversos setores não enxergam o impacto do Mundial no Brasil com a mesma lupa.
Faltando um mês para a Copa, o R7 entrevistou representantes dos setores de comércio, bares e restaurantes, transportes e hotéis para saber como estão as expectativas de faturamento com o torneio. E os resultados não são animadores — alguns até calculam prejuízos e queda no número de clientes.
Quando o assunto é comer fora de casa, por exemplo, o presidente da Abrasel-SP (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Joaquim Saraiva de Almeida, afirma que espera uma alta de 10% no movimento dos restaurantes. Porém, essa maior procura deverá ocorrer só nos locais próximos às hospedagens dos turistas. Com as prováveis paralisações na jornada de trabalho, outros estabelecimentos deverão perder clientes.
— Haverá ainda feriados e pontos facultativos nos dias de jogos que nos farão perder o fluxo do almoço, que é formado pelas pessoas que trabalham diariamente e, na prática, sustentam o restaurante.
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Embora estime um gasto maior dos turistas devido à maior cotação das moedas estrangeiras, Almeida ressalta que isso não deve elevar, necessariamente, a receita de bares e restaurantes, pois estes "deverão contratar mais funcionários especializados para dar conta do trabalho extra".
Essa visão cautelosa em relação ao Mundial também se destaca no comércio. De acordo com estimativa da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas e Shopping), o evento deverá reduzir o movimento e faturamento dos shoppings centers pelo País.
O presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, afirmou que o setor perderá 11 dias de faturamento, entre feriados e pontos facultativos, ao longo do Mundial, que ocorrerá entre 12 de junho e 13 de julho.
— Essa perda será muito mais prejudicial do que os turistas que virão ao Brasil e que, se forem ao shopping, deverão comprar, no máximo, lembrancinhas. Eles [turistas] vêm mesmo por causa dos jogos.
Os números abaixo do esperado atingem também o setor de transportes. Os preços das passagens aéreas, por exemplo, caíram 25% em três meses neste ano, reflexo da ampla oferta de voos superior à procura dos clientes.
Essa realidade, porém, não é inédita. A Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) acredita que ocorrerá no Brasil o mesmo que se verificou na Alemanha (2006) e na África do Sul (2010): uma queda na movimentação de passageiros.
A justificativa, nesse caso, é que o fluxo normal de pessoas seria reduzido devido às partidas da competição.
Ocupação hoteleira incerta
Já no ramo hoteleiro, por sua vez, o cenário ainda é incerto, com resultados muito diferentes entre as 12 cidades-sede.
Pesquisa do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, que reúne as principais redes de hospedagem), que avaliou a ocupação hoteleira apenas para a véspera e os dias de jogos, mostra que cidades como Rio de Janeiro, Natal e Cuiabá registram boa atração, com ocupação de 87%, 81% e 73%, respectivamente.
Em contrapartida, a pesquisa mostra que cidades como São Paulo (24%), Curitiba (44%), Salvador (57%) e Porto Alegre (62%) ainda estão com baixa procura para as datas próximas das partidas.
Segundo o fórum, “no geral, as taxas de ocupação das cidades-sede estão acompanhando a expectativa do setor, com taxas médias de ocupação em torno de 70% a 80%, dependendo da atratividade de cada jogo”.
O FOHB ressalta que não haverá prejuízos para o setor no longo prazo (os investimentos privados somam R$ 7 bilhões, de 2009 a 2016, entre os hotéis associados ao fórum) e que os gastos visam à melhoria da infraestrutura no longo prazo.
— Nenhum empreendimento privado é planejado e executado pensando em apenas um evento em específico. São projetos de longo prazo para o mercado futuro, ao longo dos próximos 20/30 anos.
O ministro do Turismo, Vinicius Lages, disse ao R7 que o legado da Copa ocorrerá, principalmente, no médio e longo prazo, descartando uma eventual ociosidade dos hotéis construídos para o Mundial após o evento.
— No médio e longo prazo, essas cidades retomam a sua atividade normal, aí você vai ter cidades que ampliaram significativamente, ou que pelo menos ajustaram a oferta, como no caso do Rio de Janeiro.
Apesar disso, Lages admite que algumas cidades já colocaram o “pé no freio”, como no caso de Cuiabá (MT), em obras de infraestrutura hoteleira. Segundo o ministro, a ocupação dos hotéis em algumas cidades pode mesmo ficar abaixo do esperado.
— Pode ser que no caso de São Paulo, ou em outros jogos específicos (...), que você tenha preços mais baixos e também uma taxa de ocupação mais baixa do que prevista.
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